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domingo, 16 de novembro de 2014

CRÔNICAS: ACABOU


Eu não tenho sorte...

Definitivamente eu não tenho sorte...

Quando finalmente eu queria estar aqui por um bom motivo alguma entidade vinda sei lá de onde decidiu fazer meu pai finalmente mudar de ideia...

Sim, acabou, não mais irei morar em Pereiro, no Ceará! Assim que o carro for vendido, faremos as malas de alguma forma, sem levar tudo o que trouxemos, minha mãe e eu voltaremos para São Paulo, capital. Digo apenas ela e eu pois meu pai já passa a maior parte do tempo lá, tentando ganhar algum dinheiro.

Mas, isso não era o que eu queria?

No momento, não, era o pior momento para isso acontecer. Eu estou tentando escrever um livro, preciso de paz interior para me concentrar e ela agora está novamente abalada. Passei aqui os piores momentos da minha vida, passei por momentos ruins antes de vir pra cá e agora terei de passar por todo o processo destrutivo que se chama mudança de novo!

O que eu quero, se isso alguma vez foi importante, foi ser feliz com o que eu estou fazendo. Eu já havia desistido de ter esperança nas pessoas, no lugar, nos animais e nas coisas, mas ainda restava um pouco de fé em mim, afinal, eu gosto de escrever em demasia, isso me agrada.

Agora, com a mudança, não sobrará mais nada de mim, da minha perspectiva sobre a vida... Tudo se resume a autodestruição, só há vida para ter morte. Sou bastante pessimista, não acha? Afinal, o que a vida mostrou de bom pra mim? Que o dinheiro é sempre o mais importante e se você não o tem, acaba se tornando pessimista como eu...

O que mais dói dessa vez é que terei de abandonar meus gatinhos... Mesmo que desse para levá-los, São Paulo não é um lugar interessante para gatos, eles podem pegar doenças, brigar com outros gatos, se machucar ou ser machucado por outras pessoas e, pra completar a cereja do bolo, não dá pra deixar o gato simplesmente preso dentro de casa. Eles precisam de espaço e liberdade, eu não posso dar isso a eles. Quem sabe assim eu perco de vez as esperanças e paro de acreditar que é possível ser feliz, isso é coisa de trouxa... Desculpe se minhas palavras incomodam a sua perspectiva de vida de alguma forma, eu tenho que esquecer o passado, acreditar que eu não preciso mais dele, que eu tenho que seguir em frente, deixando de ser quem eu era e ser um arremedo de gente que não sabe mais o que pode ser bom em sua vida – tudo falhou, tudo falhará...

Há internet na minha casa lá em São Paulo (que de minha não tenho nada, a não ser que eu a compre), mas vou perder completamente a autonomia, terei de dividi-la com meus irmãos novamente e possivelmente irei abandonar tudo o que eu já quis fazer com a internet um dia.

Tanta coisa aconteceu, tanta gente ficou para trás e eu ainda estou chorando...

A pior parte é que isso não passa de mais um golpe que a vida me dá, não há nenhum futuro me esperando, apenas sacrifícios, um atrás do outro. Como se alguma hora isso fosse melhorar, não é?! Todas às vezes eu tento deixar de relevar a desgraça que é a minha vida, na esperança de que amanhã a dor passe... mas ela sempre volta! Ah! Como volta!

Irei sempre me lembrar da minha grande decepção que tive aqui, como eu adorava aquela história, aqueles livros, de como me dediquei a ela durante cerca de um ano como escritor e mais tempo como fã, e terminando por me decepcionar amargamente e irremediavelmente. Eu odeio você, você tornou esse momento excruciante da minha vida ainda pior, aumentou meu rancor e minha desgraça. Eu sou apenas um trouxa, não é isso? Sou apenas mais um, um ser irrelevante que vai ser obrigado a viver a vida com amargura, odiando a si mesmo pelo resto da vida.

Eu finalmente estava calmo, calmo o suficiente para perceber: “Ei! Por que eu não posso tentar isso?”, e a vida, irrequieta com a minha pouquíssima felicidade, decidiu que definitivamente tudo havia dado errado de vez e que eu iria perder o juízo, me transformando num ser que deseja a própria morte.

Hah... Hahah... Eu já ia me esquecendo! Eu aprendi a dirigir aqui! Eu sou mesmo um grande piadista, não sou?! Sou mesmo! Não percebeu a ironia? Deixe-me explicar-lhe então, eu não tenho como tirar carteira de motorista nem como comprar um carro novo! Hahahaha... Não é legal?!

Onde a minha vida vai parar...
Deus, eu queria acreditar em você agora, poder crer que um dia isso irá acabar...
Não dá...
Em Janeiro faço 24 anos, e não sei o que fazer, tudo o que eu aprendi, TODAS as coisas de que gostei, se tornaram perda de tempo agora. Se elas não podem me fazer feliz, talvez eu devesse recusar o seu presente generoso que foi a minha vida...

Hahahah...

Não há como amar a Deus tendo ódio no coração...
E quando essa lágrimas que molham meu rosto secarem, só haverá ódio dentro de mim...

Seria possível que finalmente meu milagre iria acontecer? Será? Será? Será?
Argh! Como vou conseguir terminar o meu livro assim?!

Talvez eu devesse dar um spoiler aqui e dizer que todos os personagens serão cruelmente massacrados...
Talvez eu devesse rir de mim mesmo sem parar e alegar insanidade mental...
Talvez eu devesse parar de escrever... para sempre!

Será que algum dia eu vou pelo menos ter coragem de sair de casa novamente? Eu não faço mais ideia de como eu poderia me virar em São Paulo... Quem sabe eu deveria começar pelo mais difícil, mendigando pelas ruas, com um cartaz dizendo: “Minha vida foi arruinada e não sei mais o que fazer, poderia me dar uma moeda para que eu possa comprar um livro velho?”

Quem eu estou querendo enganar?! É decepcionante ler livros... De todas as pessoas no mundo que poderia se decepcionar com a literatura, a que menos tinha chances acertou na loteria!

Uma vez eu comentei que, após algumas sérias mudanças na minha antiga casa, quando eu voltasse a São Paulo a ficha finalmente iria cair, eu finalmente me daria conta de que não tenho mais um lar. Provavelmente eu estou apenas sendo uma pessoa histérica que está com medo de começar de novo... Quisera eu fosse simples assim! Eu simplesmente não tenho mais motivos para acordar pela manhã, tudo onde eu me empenho dá errado mesmo, TUDO! Já tenho anos de experiências frustrantes pra saber que é só questão de tempo para que tudo seja finalmente arruinado de vez e eu me perca em algum esquina da vida.

É animador, não acha?

A cada dia que passa estou sendo consumido pela minha loucura e quando eu quase consigo sair de dentro da água para respirar, o peso que me segura debaixo d’água aumenta...

A vida me odeia, nada mais...

Quem sabe eu deveria fazer como Medeia, personagem de tragédia grega que mata os próprios filhos para que não lhes aconteça coisa pior (uma mentira usada para persuadir o leitor/ouvinte quando ela apenas odeio o marido e decide se vingar através dos filhos)... Tornar-me um assassino e me livrar de meus filhos... Todos eles, objetos e seres vivos...

Tragédia!

Qual o sentido da vida?
Posso-lhe afirmar com certeza de que a minha não tem nenhum, todos os que parecem estar diante de mim são destruídos a olhos vistos...

Bem, é isso, de volta a depressão... ou talvez ao ódio...
E a agora a total descrença de que realmente existem milagres...


...

OBS.: Isso não é ficção, é realidade...

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

CRÔNICAS: DESESPERO


Desespero...

Talvez não haja palavra melhor para definir o sentimento que me irrompe a mente e o peito. Angustia e desolamento podem contribuir a sua forma para ilustrar esse desespero, mas nada melhor do que uma ideia, na verdade, de um fato.

Um carro velho, nada barato para quem não tem dinheiro, tão velho que já não é mais necessário pagar IPVA, mais novo que eu cerca de três anos. Quando chegou aqui, estava em perfeitas condições, mal sabia eu que seriam condições perfeitas para dar problemas...

Não sei o quanto a minha evidente inexperiência com carros contribui para o seu desajuste, mas confirmo que carro velho só dá problemas, você consegue arrumar um ou outro, aparecem três ou mais logo depois. Você acha que um problema foi arrumado, no entanto, ele ainda persiste toda vez que você deixa o carro um ou dois dias sem ligá-lo.

No Domingo, 26 de Outubro, eu deveria ter saído de carro para ir votar (não irei contar os detalhes sórdidos que é a política no Brasil), mas quando tentei ligá-lo pela manhã e deixá-lo pronto para sair, o carro não pegava de jeito nenhum. O motor ligava, fazia barulho, porém, quando tentei acelerar, o carro afogava. Tentei girar a chave em ponto morto, ele fazia um pouco de ronco e logo morria. Quem entende de carros deve saber que o problema é sério...

Então, quais as minhas alternativas? Jogá-lo fora e comprar outro? Mandá-lo para o concerto? Não, nenhuma das duas. No meu caso, é bem explícito, devo esperar por um milagre, sim, um milagre! Ao longo de 2014 o carro veio demonstrando que seu funcionamento é precário, que é necessário uma revisão completa, troca de pneus, de óleo e tantas outras coisinhas que foram quebrando e se desgastando aos poucos como a fechadura do porta-malas ou da porta do motorista. A fechadura do porta-malas quebrou mesmo e já foi substituída por uma nova que, mesmo travada, acaba abrindo com a trepidação destas estradas de terra cheias de pedregulhos. A da porta do motorista, por sorte, ainda consegue abrir, por vezes falhando, mas ainda consegue abrir. O motor, bem, Damião, o cara que me ensinou a dirigir, disse que o motor é bom... Não acredito nisso, se o motor falha desse jeito, não pode ser um motor bom, quando ele funciona, deveras, ele consegue ir a Jaguaribe, uma cidade vizinha que fica a uns 50 km de distância pela rodovia, e voltar sem problemas. Não posso negar que ele funcione bem assim, em contrapartida, várias vezes o carro ficou parado por não conseguir sequer sair do lugar. Já não me sinto confiante em dirigi-lo novamente e terei de esperar pelo meu milagre...

Pretendo, durante o mês de Novembro, participar do NaNoWriMo, conhecido como o mês mundial para escrever. A proposta original do NaNoWriMo era ser uma espécie de concurso nacional dos EUA, criado pela associação de escritores de lá e que visa fazer os escritores, profissionais e amadores, escreverem um livro de no mínimo 50 mil palavras em apenas 30 dias. A empolgação cresceu e agora escritores de várias partes do mundo também querem participar – como os corredores amadores que começam a correr logo após os profissionais na São Silvestre, não importa se vão conseguir chegar ao final, o importante é escrever, escrever, escrever...

Bem, depois de um ano que vi amigos escritores comentando sobre o NaNoWriMo, decidi que este ano iria participar e já me inscrevi, deixando no site oficial o plot do livro que estarei escrevendo, com o título: BRANCO. Não, não deixei ‘em branco’, Branco é o nome de um grupo de mercenários a qual estarei relatando uma de suas missões em nome da família da Casa Real de Fortemar, para conseguir um artefato místico e supostamente restaurar a paz entre os reinos de Percínia. Muita confusão pela frente, posso garantir! Meu maior intuito é pelo menos conseguir inscrever o livro no concurso final, onde será escolhido algum vencedor (não sei quantos) para terem o livro oficialmente publicado.

Fiquei imaginando, e se...

E se eu conseguisse, mesmo sabendo que isso é uma loucura minha, e tivesse o livro de fato publicado, conseguindo assim algum dinheirinho extra?

Eu pensei, bem, não deve ser muito dinheiro, então tudo o que eu poderia fazer era tentar concertar o meu carrinho e tirar a minha carteira de motorista (Já disse que sou pobre e não tenho como tirar a carteira de motorista? Não? Então está dito...).

Minha maior vontade era de ir para uma faculdade, terminar um curso superior. Eventualmente, não é bem isso que eu quero, o que eu quero mesmo é ser feliz e deixar todos esses problemas para trás, no entanto, vejo que essa é a única saída, mesmo que eu continue infeliz e sem emprego (não está fácil para ninguém). Tenho vontade de fazer faculdade, pois, quem sabe, eu pelo menos teria uma forma de me sustentar quando o pior acontecer...

Mas eu já não sei, a cada dia que passa nesse inferno em que me encontro, vejo minhas forças serem minadas, não tenho no que acreditar de fato e sempre parece que eu só nasci para ser azarado – devo ter feito algo muito ruim em vidas passadas, não é possível!

Sei que tenho alguma sorte, tenho saúde, o que comer, um notebook e internet, por enquanto isso me basta. Por outro lado, sou idealista, preciso de um futuro, algo que assegure a minha sobrevivência ou... Quem sabe eu deveria pensar mais na outra possibilidade, já que o mundo não é um lugar pra mim, talvez eu devesse deixá-lo...

Será que faria diferença? Ou será que tudo isso foi feito de propósito, para que eu chegasse a esse final? É difícil acreditar que algo está sendo feito para evitar a iminente tragédia, é difícil...

Quem sabe eu devesse rir disso tudo e pensar: “Ei, não é tão ruim assim, é?”. A quem eu estaria querendo enganar?! Estou desolado, perdido, em desespero...

Venho, a muito custo, tentando entender qual o sentido disso, por que eu não posso simplesmente ter um carro que não tenha problemas tão sérios ou, por que eu não posso ter uma fonte de renda que pudesse suprir suficientemente a conta de um carro velho e problemático no mecânico?

Aliás, nem há um mecânico de verdade nessa cidade...

Não sei o que pensar, eu deveria estar em outro lugar, pensando outras coisas, preocupado com outros problemas, mas parece que eu ainda estarei aqui, me lamentando por estar aqui e não lá.

Desculpe-me se nas minhas crônicas não há grandes aventuras, fortes emoções e um intelecto analítico requintado com ares de gênio. Não, aqui há apenas eu e a minha história confusa, que ninguém quer ler e que logo será esquecida pelo mundo.

Houve algum sentido nisso tudo?

Há muito tempo me questiono e a resposta ainda é NÃO...

Nota¹: O carro está, ao menos temporariamente, funcionando agora, pois o carburador foi limpo e uma sujeirinha, mistura de óleo e poeira, caiu bem num buraquinho que fazia o carro falhar. Tomara que permaneça assim por um bom tempo!


Nota²: São necessárias pelo menos 1’666 palavras/dia para chegar as 50 mil ao fim de Novembro, consegui 1’200 com esta crônica...

terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRÔNICAS: O ÚLTIMO DIA DO ORKUT


O ÚLTIMO DIA DO ORKUT

Sete anos...

Sete longos anos...

Muita coisa mudou e, no fundo, as pessoas continuam as mesmas. Será que eu mudei? De certo que algo mudou... Mudei para melhor? Acredito que o que sou hoje está longe de ser o melhor que eu deveria ser...

Lá no começo, quando minha inocência sobre o mundo ainda estava intacta, parecia tudo tão belo, tão excitante e vibrante. Eu poderia conversar com um desconhecido que não me importaria, era divertido, era para isso que existia a rede social mais famosa da época, não era? Não era... Com o passar dos anos descobri que isso era uma grande mentira, você pode escrever o quanto quiser que ninguém realmente parou para entender. A pessoa recebia o recado, lia e respondia – era algo mecânico, sem emoções. Poderia ter sido engraçado, avisando sobre algo, inventando histórias... Tudo mecânico, tudo seria esquecido no futuro, tudo foi irrelevante.

Não imagino porque eu esperava que alguém entendesse o que estava sendo escrito...

Talvez porque eu imaginava que era a mesma coisa que falar com alguém pessoalmente, que apenas escrever poderia fazer amizades. Como pode ver, eu era inocente demais...

Eu senti angustias, medos, tristezas que despedaçaram meu coração. Eu não senti na pele, nem ouvi alguém dizer, acho que era o simples fato de perceber que as pessoas liam e me ignoravam em praticamente todo o tempo, não importasse o quão desesperado eu estivesse, nunca consegui o que eu realmente pretendia com aquilo...

Criei um blog, sem nem ao menos saber o que fazer com ele. Escrevi algumas linhas, minhas antigas inspirações. Deixei de lado por não estar satisfeito.

Conversei com alguém que para mim fora deveras importante, um completo desconhecido que demonstrava o mínimo de disposição para acalentar minhas inquietações.

Minha vida foi mudando aos poucos, percebi que precisava de dinheiro para estudar, mas que sem trabalhar eu nunca iria terminar os estudos... Estou ainda hoje preso nisso.

Teve muita gente bacana que me chamava de amigo naquela época... Hoje sou tão irrelevante quanto uma foto antiga que ninguém se lembra mais.

O que eu fiz? Será que tudo isso valeu a pena?

E se, sabendo tudo o que eu sei hoje, eu pudesse voltar no tempo e reescrever tudo, o que aconteceria comigo hoje? Onde eu estaria? Eu poderia ter um emprego? Eu teria feito faculdade? Será que aos poucos eu iria minar as memórias felizes? Será que as memórias infelizes iriam sumir?

Tantas perguntas, nenhuma resposta...

Retomei meu blog há mais de dois anos, mudei o nome dele, tentei me esforçar naquilo que eu queria desde o começo: escrever. Eu não sabia bem o quê escrever, como escrever, eu só queria escrever, digitar as ideias malucas da minha cabeça e finalmente publicá-las. Acho que nunca fiz isso, quero dizer, as ideias que eu tinha nunca saíram do papel. Eu havia tomado um rumo diferente, eu gostava dele, por isso estava ali. Por mais de um ano eu adorei o que estive fazendo, adorei mesmo... E então, a decepção mor, aquilo que faria eu me arrepender de ter me importado tanto. Fui tão tolo, tão ingênuo... Eu poderia jurar que era a coisa certa a fazer! Mas não era, tudo o que eu faço dá errado, mesmo partindo do meu coração, mesmo partindo do meu íntimo, eu arruinei tudo fazendo as piores escolhas... Nem ao menos quando pensei que estava com sorte, que tudo o que eu havia feito fosse ser minimamente recompensado... Não!

Eu não sei o porquê, contudo, eu queria que o mundo fosse um lugar melhor, onde eu pudesse ser feliz. No entanto, as pessoas demonstravam que eu estava errado, a cada passo, um tropeço no vazio.

Na escola, me faltou tempo. Com os ‘amigos’, me faltou dinheiro. Com a cultura, me faltou investimento. Com os cursos técnicos, me faltou incentivo. Com a vida, faltou algo que eu não sei explicar o que é.

Mudei de cidade há pouco mais de um ano. Não moro mais na minha cidade natal, onde eu vivi e cresci a maior parte da minha vida. Eu já não tinha amigos, então as poucas pessoas que ficaram para trás não fizeram tanta falta.

Ninguém gosta de pessoas tímidas, pobres, que não possam participar das mesmas atividades que as pessoas ‘normais’. Até mesmo quando eu pedi para que fizéssemos algo sem custo algum, me negaram. Ninguém gosta de mim...

Eu tentei ser uma boa pessoa, nunca me envolvi com nada que fosse errado, nem drogas, nem violência, nem intrigas, nada disso. Eu apenas vivia minha própria vida imaginando que as pessoas tem o direito de ser como elas são, mesmo que isso me magoasse...

Hoje tento entender porque não fez tanta diferença mudar de cidade, porque parece que  eu ainda estou no meu quarto-sala, porque eu não sinto nenhum vazio e sinto que eu já estive aqui, que eu já morava aqui, que eu sempre estive aqui.

Construíram uma casa no quintal da minha antiga casa, acima da garagem, pra ser mais preciso, tomando um pedaço do quintal. Minha vizinha morreu há alguns meses e eu não estava lá para o enterro. Sinto que se eu voltar é que eu nunca mais me sentirei em casa, nunca mais me sentirei em paz comigo mesmo, que a ficha finalmente iria cair.

“Você perdeu.”

Acredito em sorte, pessoas medíocres tem sorte, muita sorte, tanta sorte que podem fazer grandes idiotices que ninguém irá culpá-las, quem sabe até recebam prêmios por isso. Pessoas como eu não tem sorte, vivem a sombra do que poderiam ser e nunca irão mudar, e mesmo que mudem de vida, será para fazer o que não iam fazer antes. Existem também pessoas de valor, alguns destes conseguem se destacar de alguma forma, consegue chamar a atenção em algum momento e no outro, são renegados ao esquecimento, a não são que se tornem medíocres, parece que a humanidade idolatra apenas seres medíocres...

Use drogas, fume bastante, beba até cair, fale mal o tempo todo, minta pra todo mundo, faça sexo animal com estranhos... Quem sabe o enfermeiro que for cuidar de você ganhe um extra. Ou então você realmente seja feito de aço e possa suportar a mediocridade a tal ponto que você será considerado alguém de valor.

Pessoas de valor não recebem atenção... Não no Brasil.

Enquanto escrevo estas linhas, penso que estive sendo usado para ser criativo por seres extradimensionais, para ter tido tantas ideias fantásticas e agora, quando veio desabafar, as ideias saem secas, idiotas, sem sentido nenhum. Penso que não adiantou absolutamente nada ter passado por uma vida de merda para continuar na merda. Que provavelmente ninguém sentirá a minha falta se eu deixar de existir e que provavelmente ninguém chegou até a última linha deste texto infeliz.

Por causa do coração duro de vocês...

Não há texto no mundo que seja tão bom que faça com as pessoas esqueçam seus erros e desavenças para se unir em torno de um ideal. É cada um na sua, manda quem tem dinheiro e o pobre que se foda!

Logo mais teremos eleições, só tenho uma pergunta aos candidatos: “Se você não for eleito, ainda assim você ficará parado esperando para ser eleito”?

Onde estão os advogados para processar quem merece?
Por que a relação entre cliente e empresa são sempre ruins?
Por que diabos ainda há seca no nordeste?!

Para mudar o Brasil não é preciso ser eleito, se o candidato não vinha fazendo isso antes de se candidatar, ele não fará nada se for eleito.

A maioria dos brasileiros não sabe como deve ser o brasileiro, acham que a moral ainda pertence ao passado, que não se ajusta aos direitos do cidadão. Consideram prático ficar numa cadeira de frente a uma mesa assinando papéis que já deveriam ter sido assinados, mas que continuaram sem serem assinados enquanto não for conveniente.

Político nenhum deveria ter um bom salário, o povo brasileiro não tem, porque eles deveriam ter?!
Isso por si só chama quem não deveria governar como um pedaço de carne chama piranhas famintas.
Governar deveria ser por paixão, por que o povo precisa de políticos descentes, de economistas que ajudem a equilibrar a balança do assalariado que vem perdendo cada vez mais seu poder aquisitivo, precisa de investimento, precisa de mão de obra, precisa de ação!

Enquanto você assistia o lixo do horário político e dos debates inúteis de quem desconhece a necessidade do brasileiro, ninguém viu a oportunidade de fazer diferente e começar a processar todo aquele que for corrupto. Não, político no Brasil sai impune mesmo sendo culpado.

Quero que o Brasil quebre de vez, que ele caia e que aprenda a se levantar sozinho!
Política nenhuma irá melhorar o Brasil, pois ela está apoiada num passado ridículo e permanecerá assim enquanto ele não for reescrito.

Nada mudará, mesmo que o político errado assuma – não há nenhum que seja o certo – mais cedo ou mais tarde o cidadão irá abaixar a cabeça e esquecer que um dia existiram os protestos de 2013. Todos estão tão conformados que não sabem como devem agir perante a repressão, com quem reclamar, como exigir seus direitos. Nada disso passa na TV, não quando realmente importa, quem aparece é o vândalo, a destruição do patrimônio público e TODAS as reivindicações são deixadas de lado.

Que a tua vida seja melhor que a minha, pois eu estou fudido!

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