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domingo, 16 de novembro de 2014

CRÔNICAS: ACABOU


Eu não tenho sorte...

Definitivamente eu não tenho sorte...

Quando finalmente eu queria estar aqui por um bom motivo alguma entidade vinda sei lá de onde decidiu fazer meu pai finalmente mudar de ideia...

Sim, acabou, não mais irei morar em Pereiro, no Ceará! Assim que o carro for vendido, faremos as malas de alguma forma, sem levar tudo o que trouxemos, minha mãe e eu voltaremos para São Paulo, capital. Digo apenas ela e eu pois meu pai já passa a maior parte do tempo lá, tentando ganhar algum dinheiro.

Mas, isso não era o que eu queria?

No momento, não, era o pior momento para isso acontecer. Eu estou tentando escrever um livro, preciso de paz interior para me concentrar e ela agora está novamente abalada. Passei aqui os piores momentos da minha vida, passei por momentos ruins antes de vir pra cá e agora terei de passar por todo o processo destrutivo que se chama mudança de novo!

O que eu quero, se isso alguma vez foi importante, foi ser feliz com o que eu estou fazendo. Eu já havia desistido de ter esperança nas pessoas, no lugar, nos animais e nas coisas, mas ainda restava um pouco de fé em mim, afinal, eu gosto de escrever em demasia, isso me agrada.

Agora, com a mudança, não sobrará mais nada de mim, da minha perspectiva sobre a vida... Tudo se resume a autodestruição, só há vida para ter morte. Sou bastante pessimista, não acha? Afinal, o que a vida mostrou de bom pra mim? Que o dinheiro é sempre o mais importante e se você não o tem, acaba se tornando pessimista como eu...

O que mais dói dessa vez é que terei de abandonar meus gatinhos... Mesmo que desse para levá-los, São Paulo não é um lugar interessante para gatos, eles podem pegar doenças, brigar com outros gatos, se machucar ou ser machucado por outras pessoas e, pra completar a cereja do bolo, não dá pra deixar o gato simplesmente preso dentro de casa. Eles precisam de espaço e liberdade, eu não posso dar isso a eles. Quem sabe assim eu perco de vez as esperanças e paro de acreditar que é possível ser feliz, isso é coisa de trouxa... Desculpe se minhas palavras incomodam a sua perspectiva de vida de alguma forma, eu tenho que esquecer o passado, acreditar que eu não preciso mais dele, que eu tenho que seguir em frente, deixando de ser quem eu era e ser um arremedo de gente que não sabe mais o que pode ser bom em sua vida – tudo falhou, tudo falhará...

Há internet na minha casa lá em São Paulo (que de minha não tenho nada, a não ser que eu a compre), mas vou perder completamente a autonomia, terei de dividi-la com meus irmãos novamente e possivelmente irei abandonar tudo o que eu já quis fazer com a internet um dia.

Tanta coisa aconteceu, tanta gente ficou para trás e eu ainda estou chorando...

A pior parte é que isso não passa de mais um golpe que a vida me dá, não há nenhum futuro me esperando, apenas sacrifícios, um atrás do outro. Como se alguma hora isso fosse melhorar, não é?! Todas às vezes eu tento deixar de relevar a desgraça que é a minha vida, na esperança de que amanhã a dor passe... mas ela sempre volta! Ah! Como volta!

Irei sempre me lembrar da minha grande decepção que tive aqui, como eu adorava aquela história, aqueles livros, de como me dediquei a ela durante cerca de um ano como escritor e mais tempo como fã, e terminando por me decepcionar amargamente e irremediavelmente. Eu odeio você, você tornou esse momento excruciante da minha vida ainda pior, aumentou meu rancor e minha desgraça. Eu sou apenas um trouxa, não é isso? Sou apenas mais um, um ser irrelevante que vai ser obrigado a viver a vida com amargura, odiando a si mesmo pelo resto da vida.

Eu finalmente estava calmo, calmo o suficiente para perceber: “Ei! Por que eu não posso tentar isso?”, e a vida, irrequieta com a minha pouquíssima felicidade, decidiu que definitivamente tudo havia dado errado de vez e que eu iria perder o juízo, me transformando num ser que deseja a própria morte.

Hah... Hahah... Eu já ia me esquecendo! Eu aprendi a dirigir aqui! Eu sou mesmo um grande piadista, não sou?! Sou mesmo! Não percebeu a ironia? Deixe-me explicar-lhe então, eu não tenho como tirar carteira de motorista nem como comprar um carro novo! Hahahaha... Não é legal?!

Onde a minha vida vai parar...
Deus, eu queria acreditar em você agora, poder crer que um dia isso irá acabar...
Não dá...
Em Janeiro faço 24 anos, e não sei o que fazer, tudo o que eu aprendi, TODAS as coisas de que gostei, se tornaram perda de tempo agora. Se elas não podem me fazer feliz, talvez eu devesse recusar o seu presente generoso que foi a minha vida...

Hahahah...

Não há como amar a Deus tendo ódio no coração...
E quando essa lágrimas que molham meu rosto secarem, só haverá ódio dentro de mim...

Seria possível que finalmente meu milagre iria acontecer? Será? Será? Será?
Argh! Como vou conseguir terminar o meu livro assim?!

Talvez eu devesse dar um spoiler aqui e dizer que todos os personagens serão cruelmente massacrados...
Talvez eu devesse rir de mim mesmo sem parar e alegar insanidade mental...
Talvez eu devesse parar de escrever... para sempre!

Será que algum dia eu vou pelo menos ter coragem de sair de casa novamente? Eu não faço mais ideia de como eu poderia me virar em São Paulo... Quem sabe eu deveria começar pelo mais difícil, mendigando pelas ruas, com um cartaz dizendo: “Minha vida foi arruinada e não sei mais o que fazer, poderia me dar uma moeda para que eu possa comprar um livro velho?”

Quem eu estou querendo enganar?! É decepcionante ler livros... De todas as pessoas no mundo que poderia se decepcionar com a literatura, a que menos tinha chances acertou na loteria!

Uma vez eu comentei que, após algumas sérias mudanças na minha antiga casa, quando eu voltasse a São Paulo a ficha finalmente iria cair, eu finalmente me daria conta de que não tenho mais um lar. Provavelmente eu estou apenas sendo uma pessoa histérica que está com medo de começar de novo... Quisera eu fosse simples assim! Eu simplesmente não tenho mais motivos para acordar pela manhã, tudo onde eu me empenho dá errado mesmo, TUDO! Já tenho anos de experiências frustrantes pra saber que é só questão de tempo para que tudo seja finalmente arruinado de vez e eu me perca em algum esquina da vida.

É animador, não acha?

A cada dia que passa estou sendo consumido pela minha loucura e quando eu quase consigo sair de dentro da água para respirar, o peso que me segura debaixo d’água aumenta...

A vida me odeia, nada mais...

Quem sabe eu deveria fazer como Medeia, personagem de tragédia grega que mata os próprios filhos para que não lhes aconteça coisa pior (uma mentira usada para persuadir o leitor/ouvinte quando ela apenas odeio o marido e decide se vingar através dos filhos)... Tornar-me um assassino e me livrar de meus filhos... Todos eles, objetos e seres vivos...

Tragédia!

Qual o sentido da vida?
Posso-lhe afirmar com certeza de que a minha não tem nenhum, todos os que parecem estar diante de mim são destruídos a olhos vistos...

Bem, é isso, de volta a depressão... ou talvez ao ódio...
E a agora a total descrença de que realmente existem milagres...


...

OBS.: Isso não é ficção, é realidade...

domingo, 2 de novembro de 2014

BRANCO - MEU LIVRO NO NANOWRIMO 2014


Enfim, chegou Novembro, mês internacional de escrever um livro! Para quem ainda não sabe, durante o mês de Novembro o National Novel Writing Month, mais conhecido como NaNoWriMo (mês nacional para escrever uma novela, em tradução direta - não confundir novela, tipo de literatura, com novela da Globo), um site fundado pela associação de escritores dos EUA, sem fins lucrativos e que trabalha essencialmente de doações (eles tem uma lojinha, mas isso é só para complementar a arrecadação de doações, eles não cobram nem dão dinheiro para os escritores); propõe a qualquer escritor escrever um livro em 30 dias! A ideia nasceu para ajudar os escritores americanos a escreverem seus livros, tanto amadores quanto profissionais, tomando por base que antes de tudo é preciso ESCREVER, ESCREVER e ESCREVER! Se não estou enganado, o projeto já tem 14 anos de duração e, ao passar do tempo, pessoas do mundo todo adotaram a prática e se juntaram ao site - como euzinho aqui ó! Não é preciso se preocupar com a língua (ao menos, pelo que li até agora, isso não influencia em nada no resultado), o importante é chegar a marca de no mínimo 50 mil palavras - para alguns é muito, para outros é pouco, mas é o suficiente para dar forma a um pequeno livro. Não importa o tema, eles dizem que "se você diz que é um livro, então nós consideramos um livro". Eu particularmente prefiro fantasia, criar mundos, usar personagens diferentes dos humanos, magia, monstros, etc.

E ao final, se eu terminar o bendito livro, tem algum prêmio?

Digamos que sim. O primeiro é a plena satisfação de todo escritor em ter seu livrinho escrito (mesmo que ainda falte muita edição); o segundo é ter a noção de como fazer um livro, todo o trabalho que dá, quanto tempo leva, o quanto você consegue escrever, etc.; e, por fim, você tem a chance de enviar o manuscrito para avaliação e, se tiver alcançado a marca de 50 mil palavras, ganhar os pequenos prêmios que eles dão no fim do mês. Não é muita coisa e só serve mesmo pra quem mora nos EUA. Mas se quiser saber quais são, basta chegar a bela marca de 50 mil palavrinhas!

Editado 31/10/2015: Em 2015 a região brasileira ganhou finalmente seus 'municipal liaison's, os colaboradores do município, que nada mais são do que pessoas que já conseguiram a marca de 50 mil palavras em NaNos passados e assumem o papel de incentivadores, criando encontros de escritores participantes, não necessariamente para escrever, mais para reunir a galera toda e trocar experiências.

Não precisa se intimidar, se o seu negócio é conversar com pessoas, o grupo do NaNo no facebook está de portas abertas pra você!

Acesse: NaNo Brasil
 
E se eu escrever tudo e não ganhar? E se eu não conseguir terminar a tempo?

Bem, o livro é seu e apenas seu, você pode fazer o que quiser com ele. Quem não terminou a tempo, pode simplesmente continuar escrevendo o livro, melhorá-lo, apagar tudo e começar do zero de novo, vai da sua vontade terminá-lo mesmo após o fim de Novembro. Quem terminou, pode simplesmente tentar o mercado editorial profissional, enviando o livro para uma editora e torcer os dedos para ela ter vontade de publicar seu livro (a história dos livros publicados no Brasil é demasiadamente longa, mas posso dizer que é mais fácil uma editora pequena ter interesse e o seu livro nunca se tornar um best seller - é realmente osso ser escritor no Brasil). Ou então pode tentar os meios digitais para angariar algum dinheiro, como a Amazon - ela é o horrível no que diz respeito ao apoio ao escritor, fiquei desapontado ao ler os Termos de Serviço, mas muito prática para vender livros; ou pode tentar ser a sua própria editora, caso tenha dinheiro, e mandar imprimir um milhar de livros para vender por conta (algo como, se 1 livro custar, hipoteticamente, R$5,00 para imprimir, o milhar terá o preço de R$5'000,00, mas isso depende da gráfico e do desconto de quantidade). Ou pode simplesmente disponibilizar uma cópia online gratuita para dividir com os amigos, fazer propaganda de si mesmo e tentar novamente no ano que vem.

Eu vou escrever no site do NaNoWriMo, então?
 
Não. Você vai escrever no meio digital que melhor lhe convir e puder exportar futuramente ao site caso queira participar da avaliação final. Eu estarei escrevendo o meu no Word da Microsoft, praticamente todos os meus escritos são feitos nele, ele tem corretores ortográfico e gramatical - não muito eficientes, por não compreender completamente a língua portuguesa e, caso você tenha escrito corretamente uma palavra, mas ela não está corretamente inserida, nem sempre ele irá avisá-lo sobre o erro, mas sempre te darão um toque quanto a maioria dos erros, o que ajuda e muito! No site, tudo o que você irá fazer é marcar a quantidade de palavras que você for escrevendo por dia, disponível somente a meia-noite de 1º de Novembro. Depois do dia 25 você poderá copiar e colar numa parte especial do site todo o texto que você escreveu e isso irá contar e avaliar o seu número de palavras para ver se você ganhou! Lembrando, eles não ficam nem gravam o que você escreveu! Se você já bateu a meta, é isso, você conseguiu e eu estou orgulhoso de você! :'o]

Como eu faço pra me cadastrar?

Você pode se inscrever aqui: Registro NaNoWriMo. Lá você tem que colocar o nome pelo qual você quer ser chamado (eles não chamam ninguém pelo nome verdadeiro caso você não queira), um e-mail, uma senha, colocar o horário corrente da sua cidade (eu tive que colocar Brasília (GMT -3:00), pois não sei qual a região corresponde a Fortaleza, pois aqui não há horário de verão e eu tenho que me lembrar que o NanoWriMo vai acabar uma hora mais cedo pra mim), ser alguém com no mínimo 13 anos de idade (sim, menores também podem participar) e aceitar os Termos e Condições do NaNoWriMo, lembrando que eles não vão remunerá-lo de forma algum por enviar o seu manuscrito, somente editoras é que poderão estar interessadas no manuscrito e te remunerar caso queira ela publicá-lo.

Depois temos a página de configurações do usuário, 'account_settinng', que pode ser acessada clicando em "Hello, -ponha o nome que você escolheu aqui-", ao lado de um desenho de uma carta no alto da página a direita, onde você pode atualizar a foto (que deve ter o formato 100x100 pixels), o pais e o CEP (o ZIP code, acho que o da sua rua ou cidade serve). Também é onde pode ser mudado o e-mail e a senha da conta, além da zona de horário corrente, o que você irá receber no e-mail e o botão para deletar a sua conta no fim da página.

Posteriormente, temos a guia 'Author Info', a minha é esta:


Nela você pode acessar o editor de informações, clicando em 'edit', que está na mesma barra azul com 'Author Bio'. Nessa página você põe a sua cidade, data de nascimento, se quer ou não mostrar a sua idade, hobbies, o nome da sua música favorita para escrever, seu website - se tiver um-, a página com as suas informações como autor do website, ocupação, livros favoritos e, finalmente, a 'Author Bio', onde você vai se descrever um pouquinho, por suas aspirações, etc. Também é possível acessar a edição clicando em edit no 'Fact Sheet' (Ficha técnica). Na página também aparecem a marcação dos anos em que você participou.

Como faço para inscrever meu livro?

Na guia "My Novels" (ou 'Meus livros', como preferir), você irá ver a lista dos antigos NaNoWriMo's e do próximo, no meu caso, o de 2014. Nele você inscreve seu livro para o concurso. Na página de edição, que sempre estará disponível, você tem o número de palavras escritas (que só pode ser atualizado durante o mês de Novembro, não antes; o título do livro, uma capa (sim, você pode enviar uma imagem para fingir que o livrinho que está sendo escrito tem uma, mas ela será diminuída para o formato de 230x300, e deve ter no máximo 1 mega de tamanho).

Após essa parte, temos a 'Short Sinopses' (sinopse curta) do livro, diga em duas três linhas (quem sabe o tamanho de 140 caracteres, estilo twitter, ajude), para descrever o livro e do que ele se trata. Se você escrever a mais, só aparecerá o comecinho na página de descrição do livro. Logo abaixo temos 'Novel Excerpt' (resumo do livro), onde você pode falar mais um pouco sobre o que se trata o livro. Eu particularmente comecei o livro ali mesmo, resolvi inventar um punhado de personagens e características provisórias, depois rapidamente criei um nome e fiz uma capinha super clean (sem desenho ou adereços), apenas com o título num fundo preto com meu nominho embaixo.


Eu poderia invertar algo a mais, mais adiante, mas adorei o estilo minimalista. Usei uma font de letra com temática de sangue, mas que ficou muito interessante dessa forma.

Também é possível copiar e colar o conteúdo do seu escrito para contagem de palavras nessa página, apenas para validação oficial, não para gravar o conteúdo que deve estar sendo escrito no seu próprio computador. Clique em 'Check my oficial word count', (checar a minha contagem de palavras oficialmente), e uma janela onde você pode colar o conteúdo da sua escrita estará disponível. Lembrando: o site NÃO grava absolutamente nada do seu escrito, você deve escrevê-lo no seu computador!

Fiz tudo isso, e agora?

Se você se inscreveu, ainda há outras coisas a fazer, como encontrar outros escritores e segui-los, clicando em 'Add as Buddy', no perfil de outros escritores. Quem você seguiu ou está seguindo estarão visíveis nas guias "Writting Buddies" e "Buddy Of" (não tenho certeza quanto a essa última parte, ainda não adicionei ninguém).

Um bom lugar para encontrar outros escritores brasileiros é no grupo do facebook: NaNo Brasil. Tem um monte de gente que já participou e outros que estão começando.

Também há fóruns e outras coisinhas, mas por enquanto basta.

Agora posso começar a escrever e tentar a sorte?

Sim! Quando começar o NaNoWriMo, que no caso, o de 2014 foi ontem, você pode começar a escrever as 50 mil palavras mínimas para escrever seu livro.

E se eu quiser começar antes? E se eu já tiver um livro todo ou metade escrito e quiser participar?

Bem, você também pode, eles não irão reclamar quanto a isso, pelo que pude entender, mas deixaria de lado toda a graça de escrever durante o tempo estipulado e provar a si mesmo que você é capaz de escrever um livro em 30 dias! Eu comecei só um pouquinho antes, uma hora apenas, e durante todo o 1º dia eu consegui um total de mais de 3'800 palavras. No meu caso, acho que exagerei, estou sentindo dores nas mãos, a chamada tendinite, mas nem que eu tenha que escrever a base de analgésico ou anti-inflamatório, eu termino esse livro! Pelo que me lembro, o limite do contador é 75 mil palavras (o que não te impede de escrever ainda mais que isso só porque não vai aparecer corretamente no gráfico), mas basta superar as 50 mil que está de bom tamanho.

O ideal para escrever o livro até o final do mês é de 1'667 palavras/dia, eu particularmente não achei difícil... já que eu tinha muita ideia na cabeça anotada em dois cadernos, um grande (tamanho universitário) que fica em casa e um pequenino, de bolso, que eu levo pra onde for, ambos com capa dura e uma caneta. Eu comecei a estipular o que irá acontecer ao longo do livro nessas anotações, como o lugar, os personagens, algumas falas, diverso fragmentos que irão me guiar nesta empreitada - nada como ter um mapa para onde seguir, não é? Eu fiz essas anotações em apenas 10 dias e fiquei imaginando como tudo aconteceria, isso deu ainda mais gás para que eu já tivesse ultrapassado a quantidade de palavras dos dois primeiros dias em menos de 24 horas.

Agora chega de falar desse bendito concurso e vamos falar do meu livro!

A capa vocês já viram... Mas vou por de novo...


Nome do livro: BRANCO
Autor: Victório Anthony
Gênero: Fantasia

Sinopse:

"Branco é a cor da pureza, mas aqui não há nada de puro. Branco é o nome de um pequeno grupo de mercenários liderados por Elgen, um humano, outrora nobre guerreiro, ao lado de Albin, um elfo mago e seu fiel amigo. Juntos de sua trupe eles irão descobrir alguns segredos das Casas Reais de Persívia e as criaturas que por lá habitam."

Resumo:

"Elgen, é um humano, antigamente de família nobre, mas que teve a honra manchada e tenta conseguir alguns trocados para se virar todo mês. Albin, seu fiel amigo elfo, de pela branca e incorrupta, (de onde Elgen tirou o nome para seu grupo, quem sabe alguém caía na conversa de que eles são realmente honestos), que tenta conter os extremismos de Elgen e fazer o que é certo.

No Branco, também temos Liara, a pequena e jovem ladra; Carmin, o templário de armadura aposentado de seus serviços; Dixie, a sexy transformista, capaz de assumir a forma de animais e conversar telepaticamente com eles, e Jima, corpo volumoso, cheia de amor e capaz de fazer os homens tremerem a seus pés.

De vez em quando também aparecem Aurus, irmão de Albin, um bardo salafrário que sempre dá em cima das moças do grupo e que some quando bem entende; Drexem, um demônio mal humorado confinado a uma pequenina garrafa de vidro carregada por Elgen e Mínimo, um grande dragão vermelho que consegue falar e que ficou amigo dos integrantes do Branco ao ser libertado por eles, mas permanece escondido a maior parte do tempo para não ser caçado.

Você pode encontrá-los na Taberna Priori, nas terras áridas ao noroeste do reino de Calangus, seu preço não é barato, mas com certeza aceitam qualquer trabalho. Na porta da taberna há uma flâmula negra com Branco escrito em branco nela, não há como errar!"

Aqui vocês podem verificar qualquer atualização do conteúdo vigente:


Espero ter sido claro quanto essa repentina F.A.Q (Perguntas frequentes), sobre o NaNoWriMo e sobre o livro que estarei escrevendo. Obrigado por ler, até a próxima!

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

CRÔNICAS: DESESPERO


Desespero...

Talvez não haja palavra melhor para definir o sentimento que me irrompe a mente e o peito. Angustia e desolamento podem contribuir a sua forma para ilustrar esse desespero, mas nada melhor do que uma ideia, na verdade, de um fato.

Um carro velho, nada barato para quem não tem dinheiro, tão velho que já não é mais necessário pagar IPVA, mais novo que eu cerca de três anos. Quando chegou aqui, estava em perfeitas condições, mal sabia eu que seriam condições perfeitas para dar problemas...

Não sei o quanto a minha evidente inexperiência com carros contribui para o seu desajuste, mas confirmo que carro velho só dá problemas, você consegue arrumar um ou outro, aparecem três ou mais logo depois. Você acha que um problema foi arrumado, no entanto, ele ainda persiste toda vez que você deixa o carro um ou dois dias sem ligá-lo.

No Domingo, 26 de Outubro, eu deveria ter saído de carro para ir votar (não irei contar os detalhes sórdidos que é a política no Brasil), mas quando tentei ligá-lo pela manhã e deixá-lo pronto para sair, o carro não pegava de jeito nenhum. O motor ligava, fazia barulho, porém, quando tentei acelerar, o carro afogava. Tentei girar a chave em ponto morto, ele fazia um pouco de ronco e logo morria. Quem entende de carros deve saber que o problema é sério...

Então, quais as minhas alternativas? Jogá-lo fora e comprar outro? Mandá-lo para o concerto? Não, nenhuma das duas. No meu caso, é bem explícito, devo esperar por um milagre, sim, um milagre! Ao longo de 2014 o carro veio demonstrando que seu funcionamento é precário, que é necessário uma revisão completa, troca de pneus, de óleo e tantas outras coisinhas que foram quebrando e se desgastando aos poucos como a fechadura do porta-malas ou da porta do motorista. A fechadura do porta-malas quebrou mesmo e já foi substituída por uma nova que, mesmo travada, acaba abrindo com a trepidação destas estradas de terra cheias de pedregulhos. A da porta do motorista, por sorte, ainda consegue abrir, por vezes falhando, mas ainda consegue abrir. O motor, bem, Damião, o cara que me ensinou a dirigir, disse que o motor é bom... Não acredito nisso, se o motor falha desse jeito, não pode ser um motor bom, quando ele funciona, deveras, ele consegue ir a Jaguaribe, uma cidade vizinha que fica a uns 50 km de distância pela rodovia, e voltar sem problemas. Não posso negar que ele funcione bem assim, em contrapartida, várias vezes o carro ficou parado por não conseguir sequer sair do lugar. Já não me sinto confiante em dirigi-lo novamente e terei de esperar pelo meu milagre...

Pretendo, durante o mês de Novembro, participar do NaNoWriMo, conhecido como o mês mundial para escrever. A proposta original do NaNoWriMo era ser uma espécie de concurso nacional dos EUA, criado pela associação de escritores de lá e que visa fazer os escritores, profissionais e amadores, escreverem um livro de no mínimo 50 mil palavras em apenas 30 dias. A empolgação cresceu e agora escritores de várias partes do mundo também querem participar – como os corredores amadores que começam a correr logo após os profissionais na São Silvestre, não importa se vão conseguir chegar ao final, o importante é escrever, escrever, escrever...

Bem, depois de um ano que vi amigos escritores comentando sobre o NaNoWriMo, decidi que este ano iria participar e já me inscrevi, deixando no site oficial o plot do livro que estarei escrevendo, com o título: BRANCO. Não, não deixei ‘em branco’, Branco é o nome de um grupo de mercenários a qual estarei relatando uma de suas missões em nome da família da Casa Real de Fortemar, para conseguir um artefato místico e supostamente restaurar a paz entre os reinos de Percínia. Muita confusão pela frente, posso garantir! Meu maior intuito é pelo menos conseguir inscrever o livro no concurso final, onde será escolhido algum vencedor (não sei quantos) para terem o livro oficialmente publicado.

Fiquei imaginando, e se...

E se eu conseguisse, mesmo sabendo que isso é uma loucura minha, e tivesse o livro de fato publicado, conseguindo assim algum dinheirinho extra?

Eu pensei, bem, não deve ser muito dinheiro, então tudo o que eu poderia fazer era tentar concertar o meu carrinho e tirar a minha carteira de motorista (Já disse que sou pobre e não tenho como tirar a carteira de motorista? Não? Então está dito...).

Minha maior vontade era de ir para uma faculdade, terminar um curso superior. Eventualmente, não é bem isso que eu quero, o que eu quero mesmo é ser feliz e deixar todos esses problemas para trás, no entanto, vejo que essa é a única saída, mesmo que eu continue infeliz e sem emprego (não está fácil para ninguém). Tenho vontade de fazer faculdade, pois, quem sabe, eu pelo menos teria uma forma de me sustentar quando o pior acontecer...

Mas eu já não sei, a cada dia que passa nesse inferno em que me encontro, vejo minhas forças serem minadas, não tenho no que acreditar de fato e sempre parece que eu só nasci para ser azarado – devo ter feito algo muito ruim em vidas passadas, não é possível!

Sei que tenho alguma sorte, tenho saúde, o que comer, um notebook e internet, por enquanto isso me basta. Por outro lado, sou idealista, preciso de um futuro, algo que assegure a minha sobrevivência ou... Quem sabe eu deveria pensar mais na outra possibilidade, já que o mundo não é um lugar pra mim, talvez eu devesse deixá-lo...

Será que faria diferença? Ou será que tudo isso foi feito de propósito, para que eu chegasse a esse final? É difícil acreditar que algo está sendo feito para evitar a iminente tragédia, é difícil...

Quem sabe eu devesse rir disso tudo e pensar: “Ei, não é tão ruim assim, é?”. A quem eu estaria querendo enganar?! Estou desolado, perdido, em desespero...

Venho, a muito custo, tentando entender qual o sentido disso, por que eu não posso simplesmente ter um carro que não tenha problemas tão sérios ou, por que eu não posso ter uma fonte de renda que pudesse suprir suficientemente a conta de um carro velho e problemático no mecânico?

Aliás, nem há um mecânico de verdade nessa cidade...

Não sei o que pensar, eu deveria estar em outro lugar, pensando outras coisas, preocupado com outros problemas, mas parece que eu ainda estarei aqui, me lamentando por estar aqui e não lá.

Desculpe-me se nas minhas crônicas não há grandes aventuras, fortes emoções e um intelecto analítico requintado com ares de gênio. Não, aqui há apenas eu e a minha história confusa, que ninguém quer ler e que logo será esquecida pelo mundo.

Houve algum sentido nisso tudo?

Há muito tempo me questiono e a resposta ainda é NÃO...

Nota¹: O carro está, ao menos temporariamente, funcionando agora, pois o carburador foi limpo e uma sujeirinha, mistura de óleo e poeira, caiu bem num buraquinho que fazia o carro falhar. Tomara que permaneça assim por um bom tempo!


Nota²: São necessárias pelo menos 1’666 palavras/dia para chegar as 50 mil ao fim de Novembro, consegui 1’200 com esta crônica...

terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRÔNICAS: O ÚLTIMO DIA DO ORKUT


O ÚLTIMO DIA DO ORKUT

Sete anos...

Sete longos anos...

Muita coisa mudou e, no fundo, as pessoas continuam as mesmas. Será que eu mudei? De certo que algo mudou... Mudei para melhor? Acredito que o que sou hoje está longe de ser o melhor que eu deveria ser...

Lá no começo, quando minha inocência sobre o mundo ainda estava intacta, parecia tudo tão belo, tão excitante e vibrante. Eu poderia conversar com um desconhecido que não me importaria, era divertido, era para isso que existia a rede social mais famosa da época, não era? Não era... Com o passar dos anos descobri que isso era uma grande mentira, você pode escrever o quanto quiser que ninguém realmente parou para entender. A pessoa recebia o recado, lia e respondia – era algo mecânico, sem emoções. Poderia ter sido engraçado, avisando sobre algo, inventando histórias... Tudo mecânico, tudo seria esquecido no futuro, tudo foi irrelevante.

Não imagino porque eu esperava que alguém entendesse o que estava sendo escrito...

Talvez porque eu imaginava que era a mesma coisa que falar com alguém pessoalmente, que apenas escrever poderia fazer amizades. Como pode ver, eu era inocente demais...

Eu senti angustias, medos, tristezas que despedaçaram meu coração. Eu não senti na pele, nem ouvi alguém dizer, acho que era o simples fato de perceber que as pessoas liam e me ignoravam em praticamente todo o tempo, não importasse o quão desesperado eu estivesse, nunca consegui o que eu realmente pretendia com aquilo...

Criei um blog, sem nem ao menos saber o que fazer com ele. Escrevi algumas linhas, minhas antigas inspirações. Deixei de lado por não estar satisfeito.

Conversei com alguém que para mim fora deveras importante, um completo desconhecido que demonstrava o mínimo de disposição para acalentar minhas inquietações.

Minha vida foi mudando aos poucos, percebi que precisava de dinheiro para estudar, mas que sem trabalhar eu nunca iria terminar os estudos... Estou ainda hoje preso nisso.

Teve muita gente bacana que me chamava de amigo naquela época... Hoje sou tão irrelevante quanto uma foto antiga que ninguém se lembra mais.

O que eu fiz? Será que tudo isso valeu a pena?

E se, sabendo tudo o que eu sei hoje, eu pudesse voltar no tempo e reescrever tudo, o que aconteceria comigo hoje? Onde eu estaria? Eu poderia ter um emprego? Eu teria feito faculdade? Será que aos poucos eu iria minar as memórias felizes? Será que as memórias infelizes iriam sumir?

Tantas perguntas, nenhuma resposta...

Retomei meu blog há mais de dois anos, mudei o nome dele, tentei me esforçar naquilo que eu queria desde o começo: escrever. Eu não sabia bem o quê escrever, como escrever, eu só queria escrever, digitar as ideias malucas da minha cabeça e finalmente publicá-las. Acho que nunca fiz isso, quero dizer, as ideias que eu tinha nunca saíram do papel. Eu havia tomado um rumo diferente, eu gostava dele, por isso estava ali. Por mais de um ano eu adorei o que estive fazendo, adorei mesmo... E então, a decepção mor, aquilo que faria eu me arrepender de ter me importado tanto. Fui tão tolo, tão ingênuo... Eu poderia jurar que era a coisa certa a fazer! Mas não era, tudo o que eu faço dá errado, mesmo partindo do meu coração, mesmo partindo do meu íntimo, eu arruinei tudo fazendo as piores escolhas... Nem ao menos quando pensei que estava com sorte, que tudo o que eu havia feito fosse ser minimamente recompensado... Não!

Eu não sei o porquê, contudo, eu queria que o mundo fosse um lugar melhor, onde eu pudesse ser feliz. No entanto, as pessoas demonstravam que eu estava errado, a cada passo, um tropeço no vazio.

Na escola, me faltou tempo. Com os ‘amigos’, me faltou dinheiro. Com a cultura, me faltou investimento. Com os cursos técnicos, me faltou incentivo. Com a vida, faltou algo que eu não sei explicar o que é.

Mudei de cidade há pouco mais de um ano. Não moro mais na minha cidade natal, onde eu vivi e cresci a maior parte da minha vida. Eu já não tinha amigos, então as poucas pessoas que ficaram para trás não fizeram tanta falta.

Ninguém gosta de pessoas tímidas, pobres, que não possam participar das mesmas atividades que as pessoas ‘normais’. Até mesmo quando eu pedi para que fizéssemos algo sem custo algum, me negaram. Ninguém gosta de mim...

Eu tentei ser uma boa pessoa, nunca me envolvi com nada que fosse errado, nem drogas, nem violência, nem intrigas, nada disso. Eu apenas vivia minha própria vida imaginando que as pessoas tem o direito de ser como elas são, mesmo que isso me magoasse...

Hoje tento entender porque não fez tanta diferença mudar de cidade, porque parece que  eu ainda estou no meu quarto-sala, porque eu não sinto nenhum vazio e sinto que eu já estive aqui, que eu já morava aqui, que eu sempre estive aqui.

Construíram uma casa no quintal da minha antiga casa, acima da garagem, pra ser mais preciso, tomando um pedaço do quintal. Minha vizinha morreu há alguns meses e eu não estava lá para o enterro. Sinto que se eu voltar é que eu nunca mais me sentirei em casa, nunca mais me sentirei em paz comigo mesmo, que a ficha finalmente iria cair.

“Você perdeu.”

Acredito em sorte, pessoas medíocres tem sorte, muita sorte, tanta sorte que podem fazer grandes idiotices que ninguém irá culpá-las, quem sabe até recebam prêmios por isso. Pessoas como eu não tem sorte, vivem a sombra do que poderiam ser e nunca irão mudar, e mesmo que mudem de vida, será para fazer o que não iam fazer antes. Existem também pessoas de valor, alguns destes conseguem se destacar de alguma forma, consegue chamar a atenção em algum momento e no outro, são renegados ao esquecimento, a não são que se tornem medíocres, parece que a humanidade idolatra apenas seres medíocres...

Use drogas, fume bastante, beba até cair, fale mal o tempo todo, minta pra todo mundo, faça sexo animal com estranhos... Quem sabe o enfermeiro que for cuidar de você ganhe um extra. Ou então você realmente seja feito de aço e possa suportar a mediocridade a tal ponto que você será considerado alguém de valor.

Pessoas de valor não recebem atenção... Não no Brasil.

Enquanto escrevo estas linhas, penso que estive sendo usado para ser criativo por seres extradimensionais, para ter tido tantas ideias fantásticas e agora, quando veio desabafar, as ideias saem secas, idiotas, sem sentido nenhum. Penso que não adiantou absolutamente nada ter passado por uma vida de merda para continuar na merda. Que provavelmente ninguém sentirá a minha falta se eu deixar de existir e que provavelmente ninguém chegou até a última linha deste texto infeliz.

Por causa do coração duro de vocês...

Não há texto no mundo que seja tão bom que faça com as pessoas esqueçam seus erros e desavenças para se unir em torno de um ideal. É cada um na sua, manda quem tem dinheiro e o pobre que se foda!

Logo mais teremos eleições, só tenho uma pergunta aos candidatos: “Se você não for eleito, ainda assim você ficará parado esperando para ser eleito”?

Onde estão os advogados para processar quem merece?
Por que a relação entre cliente e empresa são sempre ruins?
Por que diabos ainda há seca no nordeste?!

Para mudar o Brasil não é preciso ser eleito, se o candidato não vinha fazendo isso antes de se candidatar, ele não fará nada se for eleito.

A maioria dos brasileiros não sabe como deve ser o brasileiro, acham que a moral ainda pertence ao passado, que não se ajusta aos direitos do cidadão. Consideram prático ficar numa cadeira de frente a uma mesa assinando papéis que já deveriam ter sido assinados, mas que continuaram sem serem assinados enquanto não for conveniente.

Político nenhum deveria ter um bom salário, o povo brasileiro não tem, porque eles deveriam ter?!
Isso por si só chama quem não deveria governar como um pedaço de carne chama piranhas famintas.
Governar deveria ser por paixão, por que o povo precisa de políticos descentes, de economistas que ajudem a equilibrar a balança do assalariado que vem perdendo cada vez mais seu poder aquisitivo, precisa de investimento, precisa de mão de obra, precisa de ação!

Enquanto você assistia o lixo do horário político e dos debates inúteis de quem desconhece a necessidade do brasileiro, ninguém viu a oportunidade de fazer diferente e começar a processar todo aquele que for corrupto. Não, político no Brasil sai impune mesmo sendo culpado.

Quero que o Brasil quebre de vez, que ele caia e que aprenda a se levantar sozinho!
Política nenhuma irá melhorar o Brasil, pois ela está apoiada num passado ridículo e permanecerá assim enquanto ele não for reescrito.

Nada mudará, mesmo que o político errado assuma – não há nenhum que seja o certo – mais cedo ou mais tarde o cidadão irá abaixar a cabeça e esquecer que um dia existiram os protestos de 2013. Todos estão tão conformados que não sabem como devem agir perante a repressão, com quem reclamar, como exigir seus direitos. Nada disso passa na TV, não quando realmente importa, quem aparece é o vândalo, a destruição do patrimônio público e TODAS as reivindicações são deixadas de lado.

Que a tua vida seja melhor que a minha, pois eu estou fudido!

...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

ANJO NO VOLANTE

Estava eu tentando finalmente ler FILHOS DO ÉDEN: Herdeiros de Atlântida, depois de um longo tempo sem conseguir pegar nada pra ler e me deparo com a seguinte passagem:



Levih, tô contigo e não abro! Hahaha... Sei bem como é isso!

Eu já deveria ter terminado de ler o livro, no entanto, com a mudança (sim, ele veio de São Paulo) eu mal consegui pegar nele, uma espécie de bloqueio. O tempo passou, meu pai comprou um carrinho usado, o HUX, eu tive algumas lições para dirigir e agora sirvo de motorista para os meus pais. Agora que retomo a leitura me deparo com isso?! Não tem como não rir! Eu sou 'puro nervos' na hora de dirigir! Me atrapalho aqui e ali e perco a paciência, principalmente na hora de fazer uma manobra. Quem sabe com isso eu pense melhor em relação a direção, que acham? Se até anjos se atrapalham!



quarta-feira, 13 de novembro de 2013

SONHOS IV

SONHOS IV

Escrito por: Victório Anthony



            Pela manhã, ele comentou na publicação de um amigo escritor e roteirista de quadrinhos nas redes sociais:

            — Bom dia — dizia o amigo.

            — Bom dia! Preciso falar com você, tem um tempinho? Prometo ser breve...

            E a conversa continuou pelo bate-papo:

            — A conversa vai continuar por aqui...

            — Tudo bem? O que você quer?

            — O que acha desses desenhos?

            Algumas imagens foram subidas e visualizadas.

            — Mas isso é? São ótimas ilustrações, você que fez?

            — Não... São para a sua história em quadrinhos.

            — Como assim? Não estou entendendo.

            — Quero lançar os seus roteiros de quadrinhos...

            — Entendi menos ainda.

            — Heheh, eu mandei fazer algumas ilustrações pra saber a sua opinião, se está bom o suficiente para ser publicado.

            — Você mandou? Então está pagando um desenhista pra fazer os quadrinhos?

            — Sim, sim. Quero publicar seus roteiros originais.

            — Que ótimo! Mas, isso não vai sair caro?

            — Possivelmente, mas espero recuperar logo assim que distribuir pelas livrarias, bibliotecas e eventos por todo o Brasil.

            — Brasil? É sério isso?

            — Seriíssimo! Claro, antes de tudo, quero firmar contrato com você. Quero publicar todos os seus trabalhos.

            — Tem certeza disso? Nem todos os trabalhos estão prontos e...

            — Não precisa se preocupar com isso, o que precisar ser modificado, adaptado, atualizado, será. Tudo no seu devido tempo. Aliás, sabe aquela sua websérie?

            — Você quer publicar?

            — Mais que isso... Nossa! Mal posso me conter. Eu ADORO ela e, sabe, uma adaptação animada seria perfeita! O que acha?

            — Isso não seria um exagero?

            — Claro que não! Vai demorar ainda um tempo pra conseguir fazer todas as adaptações, produzir todas as cenas, desenvolver os mapas, os conteúdos, juntar a equipe certa e ainda fazer tudo em tempo recorde, mas a sua obra merece! Expandir uma história além de seus horizontes é o que o Brasil precisa para que mais investimentos sejam feitos na área. Por mais que não dê certo e não seja o momento ideal para seguir com o projeto no mercado atual, eu quero arriscar, quero me comprometer com a literatura fantástica nacional e explorar cada possibilidade. Certo, vai levar um bom tempo pra conseguir finalizar a temporada, no entanto só de conseguir produzir o primeiro capítulo. Nossa! Não me aguento...

            — Poxa, obrigado... Tem certeza de que consegue fazer isso? Tudo isso?

            — Em breve estarei na sua cidade pra firmar contrato! Meu telefone é (11) XXXX-XXXX. Só te peço um pouco de paciência, o escritório tem funcionado a milhão!

            — Sei... Preciso ir, já deu a minha hora.

...

            Em outro dia, novamente pela manhã, ele começou uma nova conversa numa nova publicação de “Bom dia”:

            — Ei?! Bom dia! Escuta isso aqui?! — o comentário foi escrito com um link para um vídeo.

            — Depois eu vejo, tenho pouco tempo...

            — Veja agora! Prometo que não vai tomar muito do seu tempo!

            O comentário ficou sem resposta. Ele partiu pro trabalho e, depois do meio-dia, resolveu entrar nas redes sociais. Antes, porém, verificou o e-mail. Na caixa de entrada ele encontrou milhares de comentários ansiosos para saber mais sobre os roteiros para quadrinhos, procurando saber mais dos livros que ele escrevia e querendo saber se uma série com o nome da história que ele estava escrevendo seria lançada. O escritor se assustou:

            — Mas o quê?!


            Ele não pode verificar tudo, tinha pouco tempo e logo saiu, sem conseguir entrar nas redes sociais com tanto e-mail recebido.

            “O que será que aconteceu?”, perguntou-se ele, “De onde saiu tanta gente?!”

            Após o trabalho, ele foi pra faculdade, se questionando sobre o acontecido:

            “Aquele vídeo... Será que foi ele? Isso pode acontecer?”

            Ele esperou, teve paciência e mais tarde, chegou em casa preocupado:

            “O que diabos está acontecendo?”, disse ele verificando ainda mais e-mails na caixa de entrada.

            Deixou aquilo de lado e foi para as redes sociais: “Não é possível!” Havia muito mais notificações esperando por ele. Confuso e atordoado, ele procurou a publicação da manhã no meio de tanta informação. Finalmente encontrando, clicou no link e se deparou com algo inimaginável:

            “Não acredito... É perfeito! Os detalhes, as cores, os sons... Meu deus!”

            O que ele via na tela do computador era uma animação com uma música que misturava guitarra elétrica, baixo e bateria com violino, uma música forte, enérgica e ao mesmo tempo apaixonante. A animação que ficava de fundo mostrava perfeitamente seus personagens principais, desenhados com um traço detalhado e limpo, um perfeito animê.

            “Não é possível!”

            Ele nunca escutara algo assim antes e ainda era acompanhado de uma animação que seguia como roteiro a sua história! Não havia palavras para descrever a sensação de satisfação, curiosidade e apreensão. Aquilo era o que todo escritor poderia querer, sua obra ganhando novos ares!

            No bate-papo, o amigo que comentou o link apareceu:

            — E aí? Já viu? Já viu? Todo mundo está adorando o vídeo!

            — Eu vi...

            — E aí? Gostou? Heheh, eu não sabia se estava bom o bastante pra encaminhar a história, mas fica como uma introdução. Logo o resto, com a sua supervisão e a minha será encaminhada. Aliás, queria que você me ligasse, preciso saber o seu endereço pra poder encaminhar os documentos, fazer toda a burocracia. Vai dar muita dor de cabeça, um trabalhão desgraçado, mas você vai ver, vai dar tudo certo!

            — Está ótimo...

            — Que bom! Esse será um grande começo! Tenho tantas ideias pra por em prática, tipo aquelas trocas de cena, efeitos especiais, o estúdio ainda tem muito pra melhorar e ampliar, sem contar que precisamos pegar trabalhos extras pra manter o pessoal todo, divulgar nossos trabalhos e tornar o nome do estúdio ainda maior! Ah! Não posso esquecer do pessoa da banda! O trabalho deles foi ótimo, pacientes com o que eu queria, uma música que pudesse ser moderna e evocar aquela sensação de natureza primitiva tomada por uma neblina densa e mística. Aiai... Adoro tudo isso!

            — Obrigado... Depois eu te ligo...

            E ficou off-line. O amigo achou estranho, mesmo assim continuou a conversa:

            — Mas já? Eu precisava te falar da música de encerramento, aquela pro final do episódio, mais calma e doce. Bem, em todo o caso, segue o link do segundo vídeo!

            O amigo não sabia, mas o escritor e roteirista de quadrinhos continuava ali, apenas com o bate-papo desativado, observando o que foi escrito. Ele clicou no link e foi ouvir a música. O sentimento que o preenchia era intenso, transbordava de dentro pra fora. Teve de limpar o rosto, a face não poderia ficar molhado daquele jeito...


...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

SONHOS III

SONHOS III

Escrito por: Victório Anthony



            Era véspera de natal, ele chegou naquela casinha bem humilde com um pacote escondido atrás das costas e chamou com um grito:

            — Alguém em casa?!

            Uma senhora baixinha, de cabelos desgrenhados, roupa suja por ter preparado o almoço, atendeu ao senhor. Com olhar curioso, perguntou:

            — O que deseja?

            — É aqui que mora o menino?

            — Sim senhor, ele é um menino direito e não fez nada, eu juro!

            — Por favor, não me leve a mal, ele realmente não fez nada. Eu só gostaria de falar com ele por alguns minutos, vou ser rápido.

            Desconfiada, a mulher manteve os olhos naquele estranho e chamou por seu filho:

            — Menino! Venha cá! Tem alguém que quer te ver!

            O menino, com uma camisa sem mangas desproporcional ao corpo magrelo, shorts acima dos joelhos e chinelos de dedo nos pés com uns dez anos veio correndo, um pouco hesitante de certo, com medo de ser uma bronca da velha mãe.

            — Que foi mãe? — Perguntou, com os olhos arregalados.

            — Esse moço disse que quer falar com você. Olha lá, hein?! Se você aprontou uma, vai levar um pisa!

            — Não mãe, eu juro, eu não fiz nada! — Seus olhos ficaram úmidos, como se estivesse sentindo as dores da última surra que levara por ter quebrado uma janela da vizinha enquanto brincava.

            — Por deus! Não estou aqui para acusar ninguém! — Exclamou o sujeito preocupado.

            Encarando o silêncio, ele respirou fundo, relembrando o que precisava dizer e continuou:

            — Você que é o menino?

            — Sou eu, mas eu não te conheço senhor.

            — Hahah, não, você não me conhece. Poderia vir até aqui?

            O menino obedeceu, sentindo-se confuso e curioso ao mesmo tempo.

            — Foi você que mandou... — e tirou do bolso um papel dobrado. — ...esta cartinha pro Papai Noel?

            A mulher ficou intrigada:

            — Menino! E você ainda acredita nessas besteiras?! Papei Noel não existe!

            A criança, sem dar ouvidos às descrenças da mãe, afirmou balançando a cabeça. O moço prosseguiu:

            — Você disse que neste natal você queria duas coisas. Bem, uma delas está aqui... — e mostrou o pacote. — Vamos, abra!

            Rasgou o embrulho com os dentes de tão ansioso. Seus olhos brilharam com a redonda surpresa:

            — Uma bola!

            O homem sorriu:

            — Você disse que a bola que você brinca com seus amigos não era uma bola de verdade, uma bola de pano que não pula direito. Pois bem, Papai Noel me mandou te trazer a sua bola!

            Com certa dificuldade, o garotinho tentou algumas embaixadinhas:

            — Viu mãe! Papai Noel existe!

            — Valha-me Deus! — disse com surpresa, sentindo-se constrangida por ter pensado daquela forma. — Agradeça ao moço filho.

            — Obrigado moço — seu sorriso de satisfação cheio de dentes era imenso.

            — De nada menino. Sabe, precisamos de mais pessoas que acreditem nesse país, no futuro, que coisas boas podem acontecer — colocando a mão na cabeça do garoto, aconselhou. — Nunca deixe de acreditar! Mesmo que não seja o Papai Noel que venha entregar o seu presente!

            — Pode deixar! — O menino correu para perto da mãe. — Olha mãe!

            — vendo filho — meio chorosa, a mulher se aproximou da porta e conversou baixinho, deixando o filho brincar com a bola nova. — Obrigada, moço. Meu menino queria muito ganhar uma bola nova e eu não sabia o que fazer. Meu marido está preso, acabou se envolvendo com os traficantes e foi levado pra cadeia. Eu não acreditava mais no Natal, mas o senhor foi mandado por Deus pra trazer esse presente pro meu menino.

            O homem desconversou, um pouco acanhado, havia mais para dizer:

            — Bem, o seu filho não é o único que merece ganhar presente...

            — Ué? Mas eu não mandei nenhuma carta pro Papai Noel...

            — Heheh, não precisou. Veja com seus próprios olhos — ele virou-se para trás e gritou para alguém no carro. — Pode vir!

            — Não pode ser...

            Do carro daquele senhor, saiu o marido da senhora. Ela não o via há meses e chegou a pensar que algo ruim acontecera a ele na cadeia. Com tanta gente ruim reunida no mesmo lugar, a possibilidade de um homem pobre conseguir sobreviver ileso era muito pouca. Pessoas humildes como eles, por mais que continuem vivendo, se conformam com o que não podem mais ter.

            — Filho, é o seu pai! Seu pai voltou!

            — O quê? Papai voltou? — a bola caiu no chão enquanto o menino saiu correndo.

            Os três se abraçaram entre felicidade e lágrimas, não havia palavras para descrever a emoção daquele reencontro familiar.

            O pai do menino olhou para o senhor que tornou tudo possível:

            — Como posso agradecer?

            O moço sorriu:

            — Não falte ao trabalho, você começa segunda-feira depois do ano novo. Até lá, aproveite pra ficar com a família. E não precisa dizer mais nada, espero que esse natal seja o melhor todos!

            — Será... Prometo, pela minha esposa e pelo meu filho que será o melhor natal de todos.

            — Hahah, assim espero!

            O menino parou um instante, pegou a bola e a entregou ao senhor que a lhe dera:

            — Toma, é pra você... Tudo o que eu mais queria era que meu pai voltasse, não preciso mais da bola.

            — Você é realmente um garoto muito especial — ele se ajoelhou para ficar na mesma altura que o menino. — Me faça um favor... — O garoto olhou com atenção. — Guarde ela pra mim? Ah! E não se esqueça de brincar muito, mas muito mesmo com ela!

            — Eu... posso?


            — Claro! — E devolveu a bola. — Bem, eu preciso ir. Tenham um feliz natal!

            — Ah, mas já?!

            — Hahah, eu preciso ir, tenho meu próprio natal para cuidar.

            Sem mais, o senhor voltou ao carro e o motorista começou a dirigir. Ali, seu filho adotivo o esperava:

            — Pra quê tudo isso pai?

            — Pelo mesmo motivo que adotei você, oras! — riu-se um pouquinho.

            — Mas ter procurado saber quem era o pai do menino, pagar a fiança, dar um trabalho a ele e ainda presenciar essa cena toda? Não saiu um pouco caro ou exagerado demais?

            — Talvez... Mas valeu a pena, uma família a mais acredita no futuro agora, não há nada melhor que isso. Aliás... — ele tirou um pacote de uma bolsa escondida no porta-malas. — Isso é pra você, feliz natal.

            — Eu não pedi nada... — e desembrulhou o pacote que continha dois livros. — “Crônicas dos Senhores de Castelo” e “O Alquimista”?

            — Você pode não perceber o significado a princípio, mas quando chegar o momento certo, eles se revelarão melhores do que você pode imaginar!

            — Ahn... Pai?

            — Sim?

            — Lê pra mim?

            — Hahaha, claro!

            Aquele foi um natal perfeito...


...

Uma palavrinha do autor...


A situação desta história pode ser exagerada, no entanto, os Correios convidam há mais de 20 anos que pessoas comuns façam o papel de Papai Noel para diversas crianças que escrevem suas cartinhas ao bom velhinho. Gostaria de participar?

Para mais informações, acesse: