SONHOS IV
Escrito por: Victório Anthony
Pela manhã,
ele comentou na publicação de um amigo escritor e roteirista de quadrinhos nas
redes sociais:
— Bom dia —
dizia o amigo.
— Bom dia!
Preciso falar com você, tem um tempinho? Prometo ser breve...
E a
conversa continuou pelo bate-papo:
— A
conversa vai continuar por aqui...
— Tudo bem?
O que você quer?
— O que
acha desses desenhos?
Algumas
imagens foram subidas e visualizadas.
— Mas isso
é? São ótimas ilustrações, você que fez?
— Não...
São para a sua história em quadrinhos.
— Como
assim? Não estou entendendo.
— Quero
lançar os seus roteiros de quadrinhos...
— Entendi
menos ainda.
— Heheh, eu
mandei fazer algumas ilustrações pra saber a sua opinião, se está bom o
suficiente para ser publicado.
— Você
mandou? Então está pagando um desenhista pra fazer os quadrinhos?
— Sim, sim.
Quero publicar seus roteiros originais.
— Que
ótimo! Mas, isso não vai sair caro?
—
Possivelmente, mas espero recuperar logo assim que distribuir pelas livrarias,
bibliotecas e eventos por todo o Brasil.
— Brasil? É
sério isso?
—
Seriíssimo! Claro, antes de tudo, quero firmar contrato com você. Quero
publicar todos os seus trabalhos.
— Tem
certeza disso? Nem todos os trabalhos estão prontos e...
— Não
precisa se preocupar com isso, o que precisar ser modificado, adaptado,
atualizado, será. Tudo no seu devido tempo. Aliás, sabe aquela sua websérie?
— Você quer
publicar?
— Mais que
isso... Nossa! Mal posso me conter. Eu ADORO ela e, sabe, uma adaptação animada
seria perfeita! O que acha?
— Isso não
seria um exagero?
— Claro que
não! Vai demorar ainda um tempo pra conseguir fazer todas as adaptações,
produzir todas as cenas, desenvolver os mapas, os conteúdos, juntar a equipe
certa e ainda fazer tudo em tempo recorde, mas a sua obra merece! Expandir uma
história além de seus horizontes é o que o Brasil precisa para que mais
investimentos sejam feitos na área. Por mais que não dê certo e não seja o
momento ideal para seguir com o projeto no mercado atual, eu quero arriscar,
quero me comprometer com a literatura fantástica nacional e explorar cada
possibilidade. Certo, vai levar um bom tempo pra conseguir finalizar a
temporada, no entanto só de conseguir produzir o primeiro capítulo. Nossa! Não
me aguento...
— Poxa,
obrigado... Tem certeza de que consegue fazer isso? Tudo isso?
— Em breve
estarei na sua cidade pra firmar contrato! Meu telefone é (11) XXXX-XXXX. Só te
peço um pouco de paciência, o escritório tem funcionado a milhão!
— Sei...
Preciso ir, já deu a minha hora.
...
Em outro
dia, novamente pela manhã, ele começou uma nova conversa numa nova publicação
de “Bom dia”:
— Ei?! Bom
dia! Escuta isso aqui?! — o comentário foi escrito com um link para um vídeo.
— Depois eu
vejo, tenho pouco tempo...
— Veja agora!
Prometo que não vai tomar muito do seu tempo!
O
comentário ficou sem resposta. Ele partiu pro trabalho e, depois do meio-dia,
resolveu entrar nas redes sociais. Antes, porém, verificou o e-mail. Na caixa
de entrada ele encontrou milhares de comentários ansiosos para saber mais sobre
os roteiros para quadrinhos, procurando saber mais dos livros que ele escrevia
e querendo saber se uma série com o nome da história que ele estava escrevendo
seria lançada. O escritor se assustou:
— Mas o quê?!
Ele não
pode verificar tudo, tinha pouco tempo e logo saiu, sem conseguir entrar nas
redes sociais com tanto e-mail recebido.
“O que será
que aconteceu?”, perguntou-se ele, “De onde saiu tanta gente?!”
Após o
trabalho, ele foi pra faculdade, se questionando sobre o acontecido:
“Aquele
vídeo... Será que foi ele? Isso pode acontecer?”
Ele esperou,
teve paciência e mais tarde, chegou em casa preocupado:
“O que
diabos está acontecendo?”, disse ele verificando ainda mais e-mails na caixa de
entrada.
Deixou
aquilo de lado e foi para as redes sociais: “Não é possível!” Havia muito mais
notificações esperando por ele. Confuso e atordoado, ele procurou a publicação
da manhã no meio de tanta informação. Finalmente encontrando, clicou no link e
se deparou com algo inimaginável:
“Não
acredito... É perfeito! Os detalhes, as cores, os sons... Meu deus!”
O que ele
via na tela do computador era uma animação com uma música que misturava
guitarra elétrica, baixo e bateria com violino, uma música forte, enérgica e ao
mesmo tempo apaixonante. A animação que ficava de fundo mostrava perfeitamente
seus personagens principais, desenhados com um traço detalhado e limpo, um
perfeito animê.
“Não é
possível!”
Ele nunca
escutara algo assim antes e ainda era acompanhado de uma animação que seguia
como roteiro a sua história! Não havia palavras para descrever a sensação de
satisfação, curiosidade e apreensão. Aquilo era o que todo escritor poderia
querer, sua obra ganhando novos ares!
No
bate-papo, o amigo que comentou o link apareceu:
— E aí? Já
viu? Já viu? Todo mundo está adorando o vídeo!
— Eu vi...
— E aí?
Gostou? Heheh, eu não sabia se estava bom o bastante pra encaminhar a história,
mas fica como uma introdução. Logo o resto, com a sua supervisão e a minha será
encaminhada. Aliás, queria que você me ligasse, preciso saber o seu endereço
pra poder encaminhar os documentos, fazer toda a burocracia. Vai dar muita dor
de cabeça, um trabalhão desgraçado, mas você vai ver, vai dar tudo certo!
— Está
ótimo...
— Que bom!
Esse será um grande começo! Tenho tantas ideias pra por em prática, tipo
aquelas trocas de cena, efeitos especiais, o estúdio ainda tem muito pra
melhorar e ampliar, sem contar que precisamos pegar trabalhos extras pra manter
o pessoal todo, divulgar nossos trabalhos e tornar o nome do estúdio ainda
maior! Ah! Não posso esquecer do pessoa da banda! O trabalho deles foi ótimo,
pacientes com o que eu queria, uma música que pudesse ser moderna e evocar
aquela sensação de natureza primitiva tomada por uma neblina densa e mística.
Aiai... Adoro tudo isso!
—
Obrigado... Depois eu te ligo...
E ficou off-line.
O amigo achou estranho, mesmo assim continuou a conversa:
— Mas já?
Eu precisava te falar da música de encerramento, aquela pro final do episódio,
mais calma e doce. Bem, em todo o caso, segue o link do segundo vídeo!
O amigo não
sabia, mas o escritor e roteirista de quadrinhos continuava ali, apenas com o
bate-papo desativado, observando o que foi escrito. Ele clicou no link e foi
ouvir a música. O sentimento que o preenchia era intenso, transbordava de
dentro pra fora. Teve de limpar o rosto, a face não poderia ficar molhado
daquele jeito...
...
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