quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

DIÁLOGO

"Seus sonhos morreram?

Os meus me sufocam, me entristecem e me iludem...


Você ainda insiste neles?

Meus sonhos sempre estão além de minha realidade, não há estrutura, são apenas ilusões...

O que fazer?

Não sei onde conseguir trabalho, cursos e estudos estão fora de questão... Minha vida depende agora da chuva, da úmida do ar, dos ventos, do sol do clima... O Ceará tem sido bem seco nos últimos anos e não posso esperar que a sorte me ilumine de repente e tudo se acerte.

Não há nada?

Nada que eu conheça...

Do que você é capaz?

Não sei... Não levo jeito com as pessoas, não sou do tipo que aguenta trabalhos pesados... Eu gostaria de usar os meus pensamentos, minha criatividade em função do trabalho... Mas nem eu tenho acreditado em mim mesmo... Uma pessoa ou outra me disse que tenho 'potencial', que sou 'inteligente', que se admirou comigo em algum momento. Essas pessoas não tem a menor noção do que eu sou, dizendo coisas a alguém que não vê nenhuma esperança em nenhum lugar.

Vai continuar assim?

Não sei... Talvez eu...

Porque tomaria essa decisão?

Facilidade, talvez, sempre parece a melhor alternativa em vista dos problemas que te sufocam. Evidentemente que não considero algo plausível, que meus problemas não me acompanhem, é apenas mais  uma ilusão reforçada pela minha incapacidade de encontrar a peça que falta.

Alguém poderia te ajudar?

É possível, mas pouco provável... Seria mais fácil que EU tome a atitude de ajudar alguém, do que alguém aparecer para garantir meu futuro. As pessoas acham que sorrisos e as qualidades que insistem em me dar não transmitem a minha situação, logo, ninguém irá me ajudar. É mais fácil olhar para o próprio umbigo do que levantar a cabeça e perceber que você não fez nada quando podia... Este sonhos que tenho, tão fora da realidade, tão desejosos que eu faça algo, que acredite no amanhã... Que amanhã?! Quando o dinheiro acabar, não terei mais nada, estarei novamente a mercê do destino que levará a mais triste infelicidade: inutilidade.

Você tem medo?

Infelizmente... Não há ninguém, não há proteção, não há caminho... É tudo escuro e tenebroso... Quem sabe se houvesse uma luz que renovasse minha vontade, me guiando vorazmente para fora? Não, não devo acreditar nisso, só há decepções, meu coração não aguenta. Não tenho fome, não tenho coragem, fadado a uma cama, a um quarto, ao auto sufocamento...

Nenhuma ideia?

Nenhuma... Apenas angústias... Tão frio, tão estupido, tão ingenuo eu sou...

Vai matá-la?

Estou quase matando... Essa criança, essa esperança, essa inocência que se tornou veneno entre meus pensamentos...

No que vai acreditar então?

Nada, não há nada para acreditar. Não consigo ser uma pessoa 'ruim', ter um coração mole só faz de mim um trouxa... Não posso acreditar em nada, sou nada...

Esperará por ela?

Já estou esperando, toda vez que fico triste como agora me lembro dela, tão bela, tão perfeita, tão tudo! Mesmo a morte não sendo minha amiga...

Então?

Viste tudo o que se passa pela minha mente neste momento. Eu esperava, de coração, conseguir ganhar algo pequeno, aí aparece gente que diz que não precisa de dinheiro... Não há como não relacionar uma coisa a outra. Eu preciso, preciso muito, mesmo não conseguindo me concentrar pra conseguir, preciso de muito dinheiro... Não consigo mais conceber que o suficiente me garanta alguma coisa...

Te tornaste louco?

A cada lágrima que preenche meus olhos... Cada vez que me sinto perdido... Cada vez que deus parece estar longe quando eu mais preciso... Sim, sou louco...

E agora?!

Vou chorar, tentando segurar as lágrimas para que ninguém perceba que eu estou triste... Que perdi minhas esperanças... Que quero sair de casa sem ter para onde ir... Que o que eu era, não existe mais... Só restou um ser inútil no lugar...

...?

Não espere por mim... Hoje estou morto, afagado em sonhos, perdido no meio da vida, em um labirinto sem saída... Não há mais nada a fazer... Me desculpe se o incomodo... Sei que não há ninguém além de mim e que isto não passa de um monólogo, sou eu perguntando e respondendo..."




domingo, 29 de dezembro de 2013

MONSTRO QUE SOU

Cabeça vazia... Sem pensamentos... Sem direção... Sem noção do que está fazendo...

Me sinto assim, perdido, alienado, sem ter para onde ir.

Antes de vir para o Ceará eu escrevia, um escritor amador sem nada muito excepcional a oferecer, mas alguém que sabia o que queria estar fazendo. Ultimamente tenho me sentido incapaz de escrever uma simples história, desregulado, sem um tempo de folga de mim mesmo. Isso faz muita falta...

Lembro-me que em São Paulo eu seguia uma rotina, principalmente por causa dos meus pais e irmãos: eu tinha que acordar cedo pela manhã para usar a internet, a tarde e a noite ficavam reservadas para a escrita, para o exercícios da imaginação, e comumente durante a madrugada, por tempo indeterminado eu ficava na lage da garagem que fica ligada ao quintal da minha casa no mesmo nível, andando de um lado a outro, passando do quintal para a lage, da lage para o quintal, discutindo comigo mesmo sobre as coisas da vida. Era a minha rotina, eu sabia o que estava fazendo. Agora não, agora é diferente...

Toda segunda-feira aqui no Ceará, tem feira de rua no centro urbano de Pereiro, por causa disso, é comum que todas as segundas-feiras meus pais e eu estejamos lá para aproveitar a feira. Depois que aprendi a dirigir, sou eu que levo meus pais até lá e os trago de volta. É um dia muito importante, como também um dia muito estressante, toda vez que tenho que dirigir a tensão me deixa com os nervos a flor da pele. Quando meu pai começa a me guiar nas manobras, já que eu não tenho a mínima noção de espaço, ele tem o péssimo hábito de dar a direção sem falar direção nenhuma... Isso me enlouquece! Eu fico completamente perdido! Começo a gritar e a xingar mesmo! Nessas horas, minha mãe já deixa preparado um suquinho de maracujá para me acalmar - às vezes nem isso funciona! No entanto, por mais que eu odeie esse lado da direção, dirigir se tornou a minha fuga. Sim, a coisa que eu mais tenho odiado fazer é também o meu único alento. Chego a ficar ansioso para estar no volante, não para me sentir dono de mim, sou de longe um bom motorista, mas para simplesmente sair daqui do sítio, ficar longe daqui, andar, sair da péssima rotina em que entrei.

É tudo tão confuso, os momentos que eu tinha para escrever e para pensar era o que me sustentavam como pessoa? Provavelmente sim... Não me reconheço mais...

Sou um monstro, disso não tenho dúvida, não por que eu cometa atrocidades inomináveis, não é isso. Sou um monstro por querer exigir das pessoas o que elas não podem me dar, por que vivo num mundo bizarro, cruel e insensível, por que não importa o quanto eu queira ser gentil, as pessoas não terão o mesmo cuidado. Sou tão ignorante e idiota quanto qualquer outra pessoa, eis o que me nomeia o monstro que sou.

Por mais que se diga que amizade é isso ou aquilo, não passa de uma palavra que a maioria dos brasileiros nunca levou ao pé da letra. Sou um monstro sem amigos e o que é pior,  por simplesmente não poder dar as pessoas o que elas querem. Quando se oferece apenas o pouco que se tem, no meu caso, as pessoas foram se afastando uma a uma. Com a mudança de cidade, acho que isso se tornou definitivo. Eu tinha um pouquinho de pessoas que gostavam de falar em amizade, talvez eu até pudesse chamá-las de amigas, em contrapartida, elas nunca quiseram realmente estar comigo - sou um monstro, lembra-se? Não sou o tipo de pessoa que chama a atenção, por mais que eu queira, por mais que eu tente, eu não chamo a atenção, sou um monstro solitário. Nem todo mundo sabe o quão é horrível estar aqui, ter cometido erros e não poder pedir desculpas. A amizade é tão mentirosa quanto o amor? No meu caso, sim...

A amizade supostamente deveria ser um laço entre duas pessoas, se uma não está bem, a outra deveria ser a ajuda que a outra procura. Muitos tem isso em mente e acreditam nisso, realmente confiam em pessoas que consideram como amigas e nem sequer pensam no significados desta palavra. A pessoa precisa de ajuda, de apoio moral e não tem nenhum. Onde estão os amigos? Os que se diziam meus amigos dificilmente leriam este texto, na verdade, sou tão medíocre que ninguém irá ler estas linhas, chegar a estas palavras e dizer a si mesmo que mudará a própria vida por perceber que não sou o único que se tornou um monstro solitário.

Enquanto isso, várias outras pessoas levam a vida numa boa e me parece que sou o único que nunca irá para uma faculdade, que irá conseguir um emprego descente, que nunca irá conseguir ser feliz e realizado na vida. Em Janeiro, dia 17, faço 23 anos, 5 anos desde que terminei o ensino médio e nada da minha vida significar alguma coisa. Não sou humano, sou um monstro, pois vivo uma vida de mentira...


domingo, 8 de dezembro de 2013