CAPÍTULO 02: EMUNAH
Escrito por: Lincoln Berlick
Revisto e editado por: Victório Anthony
Estava sem forças, fraquejava, mal conseguia abrir os olhos.
Tudo o que pude ver naquele instante era Pedro indo para cima de Azazel num
ataque furioso. O demônio simplesmente se desviou da espada dele, acertando-o
com um soco na barriga que o jogou a metros de distância. Tico mal se
sustentava em pé, reuniu o resto de suas forças e arriscou um diálogo com o
demônio:
— Não é
possível! Como?! Eu invoquei o Salmo 91!
— Realmente
profeta, aquilo foi impressionante... — ele abriu um sorriso insanamente calmo
no rosto. — Poucos conseguem invocar o Salmo 91. Para seu azar, você não tem fé
suficiente para me selar — fechando a expressão, completou. — O tempo de vocês,
humanos, acabou...
Sua espada
negra surgiu novamente em sua mão. Tudo se encerraria ali, eu não podia correr,
Pedro estava esgotado, Tico gastara toda a sua energia no último golpe e aquele
ser miserável sequer demonstrava estar cansado. Eu não queria morrer daquele
jeito, eu nem sabia o que estava acontecendo! Olhei ao redor e vi a espada de
Pedro no chão, próxima a mim, parecia apenas uma espada comum. Decidi segurá-la:
“Se eu vou morrer, que seja lutando!
Ao tocá-la, sem que Azazel percebesse, ela voltou a brilhar. Não com a intensidade de antes, mesmo assim, não pensei duas vezes, eu não tinha tempo para pensar! Lancei-me contra Azazel com tudo. Eu não tinha certeza se aquilo poderia dar certo, se eu conseguiria salvar a todos, busquei a resposta no fundo do meu coração e orei:
“Senhor, livrai-me do mal, Senhor, entrego a
ti a minha vida, Senhor, use a mim como sua ferramenta contra o mal.”
Eu nunca
fui religioso, para dizer a verdade, já duvidei algumas vezes e, por algum
motivo, naquele momento minhas preces foram ouvidas. A espada, antes fraca e
sem vida, começou a pulsar e a brilhar cada vez mais forte, tomando conta do
lugar, iluminando toda a rua. Tamanha era a intensidade que não consegui enxergar
nada a um palmo de distância. Minha vista clareou aos poucos e não tardei a ver
o corpo do demônio que estava carbonizado, liberando muita fumaça,
completamente deformado e se desmanchando, como se parte dele estivesse ali e o
restante saindo de outro mundo. Tico o agarrou fortemente com as mãos e nos
ordenou:
— Fujam
agora, eu irei segurá-lo! Vá com o Pedro para o mais longe que puder! Encontrem
o Padre Gabriel...
Eu estava
prestes a me recusar e Pedro me segurou pelo braço:
— Me solte,
precisamos ajudar o nosso professor! Ele vai morrer se ficar lá!
Olhei para
trás, Tico estava sorrindo de olhos fechados:
— “Salva-me,
ó Deus, pelo teu nome; defende-me pelo teu poder. Ouve a minha oração, ó Deus;
escuta as minhas palavras. Estrangeiros me atacam; homens cruéis querem
matar-me, homens que não se importam com Deus. Certamente Deus é o meu auxílio;
é o Senhor que me sustém. Recaia o mal sobre os meus inimigos! Extermina-os por
tua fidelidade! Eu te oferecerei um sacrifício voluntário; louvarei o teu nome,
ó Senhor, porque tu és bom. Pois ele me livrou de todas as minhas angústias, e
os meus olhos contemplaram a derrota dos meus inimigos.” (Salmo 54)
Conforme as
palavras de Tico, Pedro me arrastava a toda velocidade e, antes da figura dele
sumir ao longe, seu corpo se iluminou por inteiro. Engraçado dizer, Azazel
estava sem seu sorriso macabro, estava desesperado, lutando e se debatendo para
se libertar. O tempo ficou devagar, as passadas mais lentas, um forte clarão
acompanhado de uma explosão de grandes proporções subindo até o céu... Foi
então que percebi o que meu professor de história estava dizendo:
“Eu te oferecerei um sacrifício voluntário...”
Eu não
conseguia aceitar essa possibilidade:
“Tico... Tico se sacrificou mesmo?”
Meus olhos
ficaram úmidos, eu não queria acreditar, não poderia ser verdade. Eu implorei
ao Pedro:
— Me soltei,
por favor, precisamos ajudá-lo!
— Não
podemos fazer nada — respondeu secamente. — É tarde demais...
Não suportei
aquela angústia, perdi as forças, os sentidos e a razão, apagando nos braços do
Pedro.
...
“Finalmente acabou, foi tudo um pesadelo,
apenas mais um sonho maluco...”
Abri os
olhos, olhei ao redor, nada estava no lugar, aquele não era o meu quarto...
Tratei de levantar e fui dominado por uma dor lancinante:
“Aonde eu vim... Espere!”
Eu estava
sentindo dores no braço.
“Isso significa que... Tudo foi real?! Não é
possível, tudo o que vi, tudo o que aconteceu... Não deveria ser real!”
Meu
desespero foi interrompido pela porta se abrindo, era Pedro, eu estava em seu
quarto:
— Cara, você
não acreditaria no sonho maluco que tive... — tentei esconder a apreensão que
estava sentindo.
Ele ficou
quieto, se recostou na parede e desabafou:
— Não foi
um sonho Sebastian... — disse-me, sem me olhar nos olhos.
Algo em sua
voz estava diferente, ele estava sério e com uma expressão desanimada.
— Não é
possível, tudo o que aconteceu... É LOUCURA! — gritei a plenos pulmões.
— Sei que é
muita coisa para processar Sebastian, mas quero que entenda que tudo foi real.
Lutamos, sim, contra um demônio! Ele era um dos treze generais do inferno, o
poderoso senhor das armas, Azazel...
“Esse nome, eu reconheço esse nome...”
Acabei me
lembrando que algo ruim tinha acontecido. Meu peito ficou apertado, tomado pelo
sentimento de culpa:
— Demônios
não existem! Não podem existir! Foi tudo um pesadelo! — era o que a lógica me
dizia.
— Quanto
mais rápido você aceitar, melhor será...
— Claro!
Demônios existem, você é capaz de criar espadas do nada, e o nosso professor de
história...
“Nosso professor de história...”
— O que
aconteceu com o Tico?
Hesitante,
Pedro respondeu:
— Ele...
Ele sacrificou a própria vida para nos salvar...
“Ele está... morto?”
Congelei,
sentia-me gelar da cabeça aos pés, minha respiração falhava, a dor me consumia.
Fiquei quieto, procurando entender que meus pesadelos tornaram-se reais.
Pensei e revi
tudo o que acontecera durante longos minutos, acabando por lembrar:
— O que
aquela coisa queria?
Pedro foi
direto:
— Você...
— Como
assim? Eu?
— Vamos tomar
o café da manhã, você vai precisar de energia para digerir tudo o que tenho
para lhe dizer...
Com
dificuldade, me levantei e o segui até a cozinha. A casa era bem simples, sem
grandes decorações, contudo, não me pareceu haver mais ninguém ali. Sentei-me à
mesa, não sem antes questionar Pedro sobre um detalhe delicado:
— Ahn... Onde
estão os seus pais?
— Sou
órfão, meus pais foram assassinados por demônios...
Quieto,
observei Pedro enquanto ele me servia um pouco de café e bolachas. Experimentei
um pouco da refeição simples e reparei que os braços dele estavam inteiramente
enfaixados por conta dos ferimentos da noite anterior. Quis terminar a refeição,
mas não pude me conter por muito tempo:
— Me
diga... — parei um pouco, terminando de mastigar a bolacha. — Por que Azazel
estava atrás de mim?
Pedro
demorou a dizer, deveria estar procurando as palavras certas. Respirando fundo
para tomar confiança, ele procurou atender a minha vontade:
— Temo que
eu tenha escondido algumas coisas de você...
— Algumas
coisas?
— Foi para o seu bem...
Aquilo já
estava me irritando:
— Explique-se!
— Bem, existe
uma lei que rege o mundo: quando um homem morre, seus atos são pesados e de
acordo com suas atitudes, ele pode ser enviado para o paraíso ou para o
inferno. Os que são mandados para o inferno têm o direito à redenção, caso eles
se arrependam verdadeiramente do mal que fizeram. Porém, os que continuam a nutrir
raiva e ódio em seus corações tornam-se demônios. Nos tempos primordiais os
demônios descobriram uma maneira de escapar do inferno, causando o caos sobre a
Terra. Um demônio em particular se apoderou de uma mulher e criou diversas
pragas e doenças, disseminando a maldade sobre o mundo. Mais tarde essa história
ficaria conhecida na mitologia grega como a Caixa de Pandora.
— Até
conheço a história de Pandora, mas, um demônio espalhando os males sobre a Terra?
— Sim. Reza
a lenda que Deus, em resposta, mandou quarenta guerreiros para combater esses
demônios. Eles ficaram conhecidos como os primeiros profetas, homens do senhor
treinados pelos próprios arcanjos. Como eles eram mortais, decidiram deixar seu
legado para as próximas gerações escrevendo as antigas escrituras, contendo diversas
formas de combater os demônios. Entretanto, com o tempo, o material original
foi se perdendo, sobrando o que você conhece hoje como a bíblia moderna — Pedro
se animou. — Esses profetas eram verdadeiros combatentes! Um deles em especial
se destacava dentre todos por ser extremamente poderoso ao desenvolver uma
habilidade única. Ele era capaz de usar apenas palavras para punir e exorcizar
os demônios. Antes de morrer ele ensinou esse dom aos seus discípulos,
aconselhando seus irmãos a passar seu melhor dom ao próximo para que as futuras
gerações pudessem continuar seu legado.
Assim surgiram as classes proféticas.
— Continue...
— Entre nós
existem cinco classes: guerreiros, invocadores, exorcistas, elementais e
oradores. Os guerreiros, alimentados pelo desejo de luta, são extremamente
fortes e rápidos. Os invocadores podem materializar relíquias e armas sagradas,
como eu fiz na luta contra Azazel. Os elementais usam somente os quatro elementos
da natureza para lutar: água, terra, fogo e ar. Exorcistas são profetas raros,
uma vez que conseguem liberar todo o potencial das palavras para lutar. Usam
como arma os versículos da bíblia, quando lidos em voz alta, as palavras ganham
seu significado efetivo. Eles são muito poderosos, inteligentes e perspicazes...
Tico era um Exorcista.
“Ele morreu para me proteger...”
Aquilo não parava de martelar dentro de mim:
— Por que
ele estava tão decidido a me proteger?
— Ele
acreditava que você era o nosso messias...
— Messias,
o salvador do mundo?
Eu
conseguia ver nos olhos de Pedro o quanto era difícil para ele me dizer aquilo:
— Diz a
lenda que, de tempos em tempos, Deus envia um homem, alguém com uma fé inabalável,
para dominar os demônios.
— Você só
pode estar brincando, não é? Eu mal sei os doze... dez mandamentos! — eu ri de
mim mesmo. — Sinto muito... Não sou quem ele achava que eu era.
— Eu também
não acreditava nisso... — ele me encarou seriamente. — Não até ontem à noite...
O que você fez foi surpreendente, você atrasou Azazel! Até ontem tudo isso não
passaria de uma simples fantasia pra você e em um momento difícil, você se apegou
fortemente a Deus — Pedro sorriu com vontade. — Você pediu ajuda, meu amigo, e
foi ouvido!
Pedro
estava certo, por mais que eu quisesse negar, eu não podia. Definitivamente não
me lembrava de ter pedido algo a Deus em outra ocasião e ter sido tão
prontamente atendido. Na verdade, como um descrente, eu me questionava se Deus
realmente existia, se ele estava de fato lá. Apesar de tudo, aquilo ainda não
significava que eu era o messias:
— Pare com
isso, eu jamais poderia ser o tal messias de vocês, não sou um guerreiro ou um elemental,
nem um invocador, um exorcista, ou mesmo um... Aliás, você não me disse o que
os oradores fazem!
Pedro tomou
um gole de café:
— Eu não
sei ao certo. A única coisa que sei é que eles têm o poder de se comunicar
diretamente com Deus, em outras palavras, eles oram e são ouvidos.
— Tudo bem,
eu posso ser no máximo um orador... Mas, o fato de eu ter sido ouvido não
implica que eu seja o messias... Pode?
— Veja bem,
originalmente havia apenas quatro classes entre os profetas. Eu não conheço
muito sobre os oradores, por que nunca vi um. Até onde sei, o último orador visto
na Terra foi também um messias. Você deve conhecê-lo, o mundo inteiro o chama
de Jesus Cristo. Claro, seus companheiros eram doze profeee... tas...
Aquilo
entrou na minha cabeça de forma lenta. Perdi o controle sobre mim, meus sonhos
em que enfrentava demônios e me escondia pedindo ajuda a Deus vieram à tona.
Decidi ignorar o fato e não contar a Pedro, que dedicou vários minutos explicando
todo aquele conceito de messias, principalmente buscando me convencer que eu era
ele. Não que eu pudesse contradizê-lo, mas para mim aquilo não passava de mera coincidência.
Preferi interrompê-lo e mudar de assunto:
— Me diga
uma coisa Pedro, qual a probabilidade de seu melhor amigo e um dos seus
professores serem profetas?
Ele sorriu abertamente:
— Ah! Tico,
era excepcional! Além de exorcista, ele também tinha o dom da profecia e certa
vez ele conseguiu ver nitidamente um certo adolescente... — ele olhou para mim,
da mesma forma que Tico me olhara em sua última aula. — ...sendo atacado por
demônios. Ele não entendeu exatamente o porquê, todavia concluiu que não
poderia ignorar o fato e decidiu que deveria protegê-lo. Nós o encontramos com
uma certa facilidade...
— Nós?
— Sim, Tico
era meu mestre...
“Mas o quê?!”
Senti-me contrariado,
nossa amizade não era verdadeira?
— Quer
dizer que você só se aproximou de mim por que seu “mestre” mandou?
— A princípio,
sim, esse era o objetivo. Com o tempo
nos tornamos amigos de verdade... Eu juro que não queria te esconder esse segredo!
Precisávamos ter certeza se de fato você era o messias. Chegamos a pensar que
talvez não fosse você, até Tico ter uma nova visão...
Seu rosto
mostrou uma expressão triste e eu sabia o porquê, Tico não era apenas seu
professor, era mais que isso! Eles conviveram juntos e ele se entregara em sacrifício.
— Que
visão?
— Bem, ele
viu a própria morte... Ele teve uma visão em que você estava sendo atacado por um demônio, dele
lutando contra Azazel, sem me contar o lugar e simplesmente aceitou isso. Disse-me
que essa era a vontade de Deus, que era necessário e decidiu que não ia fazer
nada para mudar seu destino. Eu não havia gostado nada da ideia, não consegui
aceitá-la. Escolhi, por vontade própria, que eu mesmo iria encontrar Azazel
primeiro, antes que ele te encontrasse. Isso foi depois de nos separarmos no
começo das aulas...
“Isso explica seu sumiço e também aquele
discurso do Professor...”
Eu me vi
numa situação complicada, não sabia o que dizer, nem como agir. Tico tinha
consciência do que estava para acontecer e mesmo assim aceitou seu destino, sem
nem ao menos estar seguro de que estava certo. A única coisa que pude dizer
foi:
— Sinto
muito...
— Tudo
bem... — Pedro voltou a sorrir para não me deixar desanimado. — Não foi culpa
sua, era a vontade dele. Enfim, enquanto procurava pela presença do demônio,
senti uma vibração estranha próxima a escola e decidi segui-la, já pressentindo
o pior. Corri até a origem e lá encontrei o que mais temia. Tico sabia que eu
ia intervir, por isso não me contou que a luta seria ali. O pior de tudo seria
saber que fui um fraco, incapaz de proteger quem eu admiro, que ele morreu por
nada...
— Ele deu a
vida por mim, eu que deveria estar morto! E ele não morreu por nada, ele acabou
com o demônio!
— Ele
derrotou o demônio, mas você lembra para onde vão os demônios? Para o
inferno... Demônios não morrem, apenas voltam de onde vieram e isso não os
impede de atemorizar as pessoas novamente.
— Que dizer
que os homens apenas morrem e os demônios continuam atormentando a humanidade?
Perfeito! E por que Deus permitiria algo assim? É injusto...
— Creio que
sim, mas não temos nada a fazer, apenas enterrar nossos mortos — Pedro colocou
a mão no meu ombro. — Sebastian, Tico não morreu a toa, ele morreu por que
acreditava em você e a partir de hoje, eu também acreditarei em você.
Aquela
história me deixava nervoso, eu não poderia ser o messias! Pedro percebeu minha
irritação e se afastou:
— Vamos,
temos que procurar o Padre Gabriel, ele saberá o que fazer...
...
NOTAS:
*EMUNAH, é a pronuncia do que está escrito na imagem que acompanha a história e pode significar 'fé', 'verdade' ou 'verdadeira fé' em hebraico.
*EMUNAH, é a pronuncia do que está escrito na imagem que acompanha a história e pode significar 'fé', 'verdade' ou 'verdadeira fé' em hebraico.
EMUNAH também pode ser escrito desta forma (5 letras): אמונה
A escrita hebraica se lê da direita pra esquerda, como o japonês, e, basicamente, não há vogais. A pronúncia correta se adquire conforme se convive com aqueles que falam a língua e, para que o entendimento não se perca, existem sinais próprios para indicar quais sons as letras possuem, um ensinamento a mais desnecessário a leitura da história no momento.
Como a tradução hebraico-português ainda é meio falha no google tradutor, por ainda não apresentar a pronúncia correta, utilizei o Dicionário Bíblico Strong - Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de James Strong; como referência.
Podem haver divergências na leitura e significado, peço cautela se esta pequena tradução for utilizada.
Ahahaaa menos um e Azazel no entanto continua existindo! Muhahahahaahahahaa! Estou ansioso pela continuação :D
ResponderExcluirExtraordinário! Faltam-me as palavras para descrever o que achei lendo o conto... É algo como ler as histórias mais belas das mitologias mundiais. Algo novo, mas que ao mesmo tempo identifico com parte de mim. A história prende a atenção por ser muito bem contada. Estou me deliciando com um alimento que me parece a ambrosia ou o néctar dos deuses gregos...
ResponderExcluirSó não entendi bem o título dado ao capítulo. Emunah como a verdade contada ao Sebastian??
E por falar em Sebastian (Bastian), o nome me fez lembrar do filme "A História Sem Fim". Recomendo para quem não assistiu ainda.
Esperando continuação.
Maravilhosooo
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