Há algum tempo, meu amigo e escritor amante de vampiros Adriano Siqueira me convidou para participar de seu projeto de literatura vampiresca, o fanzine Adorável Noite, e finalmente ele está pronto! Abaixo vocês conferem o meu conto e no link a seguir vocês podem baixar o fanzine com todos os outros contos de outros autores! Vamos lá, apoiem a literatura brasileira!
SUJO DE SANGUE
O sangue
pulsava em sua veia, aquela pele macia implorava para ser mordida, o êxtase lhe
tomava conta. Uma mordida vermelha e sangrenta lhe lambuzou os lábios. Seu
superior, um vampiro infante com a aparência de um garotinho de treze anos,
interrompeu a festa:
— Deixe um
pouco para mim Nurian, estou com fome esta noite — disse secamente.
— Como
quiser, mestre Samar... — manuseando a moça desacordada como uma boneca de
pano, o servo entregou a vítima.
Os hábitos
do pequeno vampiro, apesar de sua aparência delicada e centenas de anos como
andarilho da noite, sempre eram violentos e brutais. Ele não se contentava
apenas com o sangue, queria também a carne.
Ao término
do banquete, Nurian tirou um lenço do bolso:
— O mestre
deveria tomar mais cuidado, sempre fica com a boca suja maculando seu belo
rosto.
O pequeno
ficou indiferente ao comentário, nunca fora uma criança feliz, era sempre frio
e insensível, remorso definitivamente não passava por seus pensamentos. Seu
mordomo, por outro lado, era forte, atlético, de lábia forte e sedutora. Trazer
uma mulher a sua cama era simples, ele sentia no ar a facilidade que teria com
esta ou aquela mulher. A última vítima era uma moça com sobrepeso, “fofa” como
ele preferia dizer. A falta de autoestima com sua própria imagem a fez um alvo
fácil para seus elogios e sorriso meigo. Ela queria muito aquele homem e quis
aproveitar. Coitada...
Aqueles
olhos verdes de Nurian fitaram o rosto perfeito de Samar ao término da limpeza:
— O que
faremos esta noite mestre? Temos ainda muito tempo pela frente.
Entediado,
Samar respondeu:
— Podemos
procurar por ela...
— Mas,
mestre...
Os olhos do
infante denunciavam sua raiva:
— Nada de
mas! Quero a poção da bruxa agora!
— Pequeno
mestre, entenda, ela já o enganou uma vez e vai te enganar quantas vezes forem
necessárias para deixá-lo longe dela.
— Eu vou
crescer Nurian, não importa quanto tempo leve, eu quero crescer e deixar esta
forma infantil de uma vez por todas! — o servo deu um passo para trás, ele não
fora o primeiro mordomo de Samar, nem seria o último a ser estraçalhado por sua
fúria.
— Tudo bem
mestre, farei como manda...
Indo a seu
quarto naquele apartamento luxuoso, o pequeno vampiro foi trocado pelo servo.
Nascido de uma família real européia, mantinha os costumes antigos: o mestre
nunca se troca sozinho, ele é aparando pelos servos que prontamente atendem a seus
pedidos, e assim ele tem mantido por mais de quatrocentas anos.
Desta vez,
ele preferiu voar até o novo esconderijo da bruxa: um lugar perdido no meio da
selva de pedra da capital, um lugar camuflado por magia sob as extensas pontes
da cidade. Ninguém passaria por ali, a não ser um desavisado que seria
convidado a entrar e nunca mais sairia. Assim se fez, Nurian temia pela
impetuosidade de seu pequeno mestre, uma vez que ele mesmo não se locomovia tão
agilmente pelos céus quanto ele.
Ali,
debaixo da grande ponte sobre a movimentada avenida, eles pousaram.
Aproximaram-se de uma parede pichada e viram a cabeça de uma moça que sumiu de
repente.
Nurian foi
o primeiro a entrar. Lá dentro havia um grande salão, todo decorado com tecidos
e tapetes finos, lembrando o interior das caravanas que percorrem o deserto.
Com a demora em trazer a bruxa para fora, Samar entrou. Ele caminhou alguns
metros e encontrou seu servo dominado pela bruxa:
— Fora
daqui peste miserável! — sua beleza era excepcional, cabelos negros, pele
morena sedosa, mas um voz estridente e irritante.
— Me
transforme em um homem e eu lhe deixo ir!
— Nunca!
— Que
chato, muito chato...
A bruxa
piscou por um instante, sentiu seu corpo todo paralisar e seu peito doer. Olhou
de volta para Samar e o viu morder algo vermelho em suas pequeninas mãos. Ela
caiu suavemente.
— Mestre? —
disse o mordomo, acordando da hipnose.
— Me cansei
dela, estava com fome...
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