domingo, 20 de julho de 2014

CISTERNA

Após longos meses entre o dia em que o buraco da cisterna foi feito pela retroescavadeira da prefeitura (pouco tempo antes, a prefeitura precisava alugar se quiser usar uma); e o dia em que o material para cisterna finalmente havia chegado, a cisterna do Sítio Dona Lô ficou pronta! Para se ter uma ideia, o buraco foi feito em Agosto de 2013 e a cisterna só foi feita no final de Maio deste ano! Há ressalvas, a prefeitura estava com problemas com relação ao material e, devido ao fim de ano, a licitação não ia pra frente e teve mesmo que demorar todo esse tempo. Eu, porém, como só quero o melhor para essa cidade e não posso deixar de comentar como isso é vergonhoso. "O Brasil tem potencial", dizem lá fora, "Brasil é o país do futuro". Sinceramente, se soubessem como o Brasil funciona iriam esquecer essa bobagem. Os projetos de implantação de cisterna tem apoio do governo, mas não é propriamente uma iniciativa do governo, pelo menos a forma como isso foi deixado de lado por tanto tempo, sendo o nordeste naturalmente seco há décadas. É mais do que isso, segundo a matéria do Universia: "[...]Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), coordenado pela Articulação do Semi-árido (ASA), uma coalizão de mais de 750 entidades e organizações da sociedade civil de 11 estados - Igrejas Católica e Evangélica, ONGs de desenvolvimento e ambientalistas, associações de trabalhadores rurais e urbanos, associações comunitárias, sindicatos e federações de trabalhadores rurais, movimentos sociais, organismos de cooperação nacionais e internacionais, públicos e privados."


Queria muito que isso fosse além da simples movimentação de licitações...

Enfim, nossa cisterna está pronta há mais de um mês e operacional, abastecida com uma boa carga de água trazida por caminhão pipa - infelizmente, a cisterna não foi construída a tempo de receber as chuvas do mês de Março. Para nosso consumo a quantidade de água ainda é boa, e qualquer chuva pode ajudar a chegar aos praticamente 16 mil litros de água da capacidade da cisterna. Esperar todo dia, até que um milagre faça chover de novo fora de época...

A prefeitura está com grandes projetos no momento, reformas dos marcos históricos da cidade, como as praças da rodoviária, da teleceará, do hotel e a região em torno do maior monumento da cidade, o Cristo Rei.

Fico imaginando porque só agora, Pereiro deveria ter crescido tanto quanto as outras cidades vizinhas: Jaguaribe e Pau-dos-Ferros, mas ainda está engatinhando. Não conheço nenhuma cooperativa instalada na região, nenhum produto genuinamente pereirense, nenhum costume típico - onde está a identidade da cidade? Quando olho no mapa do Google, vejo uma cidade enforcada, rodeada por açudes e sangradouros que impossibilitam nova casas, novos comércios - será que um dia Pereiro terá alguma industria? Vi em Jaguaribe uma pequena fábrica de redes e outra maior que produz móveis, talvez haja até mais que isso por lá. Jaguaribe é a cidade que dá nome ao grande rio cearense, o rio Jaguaribe, que passa ao lado do centro urbano, e que, diferentemente de Jaguaribe, não sufocou sua cidade. Há tanto espaço aqui nessa cidade, tanto potencial e isso tudo vai começar só agora. Olhei minha São Paulo, meu antigo bairro nos mapas do Google e, comparada as minhas 'quebradas', os morro de Pereiro estão praticamente vazios...

"Antes tarde do que nunca?", talvez, só os próximos anos dirão. Quem sabe um dia esta cidade finalmente abras as portas para que eu possa ter uma vida decente.

A cisterna foi um grande passo para a melhoras dos cidadão de Pereiro - ao menos, os que tiveram acesso a ela. Não deixo de pensar na pequena Vila dos Balços, a 18 km daqui, com sua estrada horrível que eu jurei que nunca mais iria andar nela de tão ruim. As implementações do governo são apenas na fachada, naquilo que já deveria ser implementado há anos, ainda faltam as mudanças internas, aquelas que farão de Pereiro a cidade dos sonhos.

Faço meus votos de que isso não pare por aí e que, a despeito da provável lentidão que irá tomar, que esta não seja a cidade que levará embora meus últimos sonhos...

Agora, as fotos...

Eu jurava que tinha uma foto do buraco seco!
Infelizmente não encontrei e tive que usar a mesma imagem que aparece
no Girinos 2.



A cisterna é extremamente simples!
Após a escavação, o chão é acimentado de forma circular,
ao redor são colocadas placas de cimento moldado
e, com amarração de ferro, as placas são recobertas por mais cimento.



Há uma base interna feita com um cano cheio de cimento que sustenta o 'chapéu'.


Aqui é possível ver as placas.
Este tronco é apenas para a sustentação momentânea delas,
além de escorar a coluna lá dentro.


Aqui está a cisterna pronta, tampa de aço,
uma bomba manual de água ao lado,
o cano que leva a água da calha por cima,
os canos e os fios da bomba elétrica do meu pai que leva água até a caixa d'água,
e por fim, ali do lado, o sangrador, que impede que o nível da água ultrapasse a capacidade.

Agora só falta a plaquinha que indica qual o número da nossa cisterna dentre as milhares construídas. Quando fui a Timbaúba recentemente, no sertão de Jaguaribe, as cisternas de lá estavam com numeração 20 mil, as daqui estão recebendo numerações de 80 mil. Que diferença, não?

2 comentários:

  1. Que trabalhão. Se fizessem de plástico por conta própria não sairia mais barato?

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  2. Não.

    O custo para ela foi baixo, mas não foi apenas isso, ela é prática de se fazer - 2 semanas no máximo para ficarem prontas; transportar o material é muito mais em conta que transportar, por exemplo, caixas d'água com o mesmo volume; além disso, o preço por aqui para uma caixa d'água de 250 litros é alto, com um valor desses dá pra comprar vários sacos de cimentos, foram apenas 16 para toda a cisterna, fora o que foi desperdiçado com as poucas peças que quebraram.

    O maior problema foi o atraso entre o dia que fizeram o buraco e somente vários meses depois que entregaram o material - problemas típicos do governo brasileiro, quando algo sofre um revés, demoram meses para retomar a velocidade normal. Dessa vez, pelo que me parece, deu um problema justamente com as pessoas que deveriam entregar o material.

    Enfim, por conta própria não sairia mais barato, quanto mais para uma região de difícil acesso com estradas de terra.

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