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sábado, 9 de novembro de 2013

SONHOS II

SONHOS II

Escrito por Victório Anthony.



            Um jovenzinho com cerca de treze anos brincava sozinho no pátio do orfanato. Por ser velho demais para ser adotado, os garotos menores faziam gozação dele, deixando-o irado. O pobre coitado, tentando acreditar que havia esperanças, que ainda poderia ser adotado, partia para a briga, socando tanto quanto podia os órfãos menores. Os monitores e os outros funcionários do orfanato conheciam esse seu lado ruim e evitavam-no sempre que podiam:

            — Ele nunca será adotado... — diziam todos eles pelos cantos, deixando o pequeno órfão mais triste.

            Pouco antes, outro órfão resolvera desafiá-lo:

            — Ninguém te quer! Nem seus pais te querem! — gritou em nome de seus outros colegas.

            Com o coração apertado, ele rangeu levemente os dentes, semicerrou os olhos com desprezo e, num salto, deu um soco direto na boca do menino de oito anos. O garotinho menor começou a gritar, chorar e espernear, avisando os responsáveis naquele momento sobre o que acontecia. Os dois foram separados, o que ofendeu foi levado às pressas para a enfermaria, perdera um dente; o ofendido foi deixado no pátio, ali não poderia machucar ninguém enquanto os funcionários organizavam a bagunça.

            Suas mãos ardiam, sabia se defender muito bem, só não entendia o porquê daquela dor.

            “Será que sempre vai doer?”

            Olhou ao redor e viu o portão do orfanato. Pensou consigo mesmo:

            “Se estivesse aberto eu fugiria...”

            Uma leve brisa soprou, balançando suavemente a porta. Ela estava aberta.

            “Será que... Eu posso?”

            Levantou-se e foi andando de fininho. Avistou alguém passando pelo corredor do orfanato e correu para fora:

            “Essa é minha única chance!”

            Abriu o portão e, sem perceber, trombou com um homem que estava entrando:

            — Você está bem? — Perguntou o senhor vendo o jovenzinho caído no chão e lhe estendendo a mão.

            Assustado, o órfão engatinhou para trás.

            — Vamos lá, deixe me levantá-lo, não vou te morder...

            Em silêncio, o pequeno estendeu a mão aceitando a ajuda.

            “Ele é jovem demais pra adotar, sem contar que está sozinho”, concluiu.

            — Me desculpe por antes, não sabia que tinha alguém atrás do portão...

            O menino sentiu vergonha, iria fugir se a tentativa não tivesse sido frustrada e não sabia como reagir, aquele senhor poderia contar ao diretor do orfanato e encrencá-lo ainda mais.

            — Você vai ficar calado o tempo todo? — O garoto permaneceu quieto, sem olhar para o homem.

            O adulto pôs a mão no bolso tirando um saquinho de balas e ofereceu ao jovenzinho que pareceu aceitar. Ele se lembrou de ter ganhado algo como aquilo antes, segurou com força, amassando as balas macias e atirou o pacote longe.

            — Ei! Porque fez isso? Só estou tentando ser gentil, sabia?!

            O menino virou o rosto, estava indignado, a última vez que havia recebido um presentinho daqueles, lhe prometeram que iria ser adotado logo e, oito anos depois, nada, continuou sem uma família.

            “Por quê?! Por que eles fazem promessas e eu sou o único que nunca será adotado?!

            — Você... Você se sente sozinho? — Perguntou o sujeito.

            O jovenzinho olhou para ele por um instante e virou-se novamente para as árvores do jardim.

            — Pelo visto, isso é um sim...

            Aquelas palavras deixaram o pequeno órfão irritado e saiu de perto daquele homem. Porém, antes que ele conseguisse se afastar, ele foi segurado pelo braço:

            — Por favor, não vá... Você ainda não disse nada... Por um acaso, você é mudo?

            — Não... Me deixe em paz!

            — Espere! Eu não conheço o lugar, poderia me mostrar?

            — Argh! — Grunhiu de raiva. — Certo, eu mostro! Mas não espere nada de mim!

            — Tudo bem, obrigado — respondeu com um sorriso amigável.

            O primeiro lugar em que passaram foi os dormitórios compartilhados, os dos meninos construídos a direita e os das meninas a esquerda, podendo serem ocupados por até trinta pessoas no total.

            — É aqui que você dorme? É bem espaçoso...

            — Podemos sair daqui, as camas são muito pequenas pra mim...

            A área de recreação:

            — Muito interessante, você fez alguns desses? — perguntou o senhor olhando para os desenhos.

            — Ah, qual é?! Eu vou pra escola! Meus desenhos estão lá!

            — Desculpe, só pensei que poderia haver algum seu aqui... Você não traz nenhum?

            O pequeno respirou fundo, pegou um banquinho e tirou uma pasta de uma prateleira no alto.

            — Estes são os meus... — disse, sem muito interesse.

            — Olha só, são muito bons! Por que não estão expostos como os outros?

            — Eu não sou como os outros... Vamos para o próximo lugar! Minha paciência está se esgotando!

            — Tudo bem, eu acho...

            Passaram pela cozinha e refeitório:

            — Lugar bacana esse...

            — Tudo feito pra criancinhas!

            E por fim, a diretoria:

            — É tudo que tem pra ver aqui... — avisou com rispidez. — Você veio pra trabalhar ou pra deixar alguma doação?

            — Na verdade, eu vim adotar uma criança...

            — Se este é o caso, temos poucas, a última menina foi adotada no mês passado e os poucos meninos... Bem, uns dois eu mandei pra enfermaria e o outro, bem, esse eu não sei, deve ter fugido ou levado pro reformatório, onde eu devo ir em breve, não sei. Se quiser alguém terá de esperar os próximos que forem mandados pra cá, ultimamente esse lugar tem ficado uma bagunça, é gente correndo pra cá, são os meninos sendo levados pro pronto-socorro por causa de um simples dente. É isso...

            E dirigiu-se pro dormitório sem dizer mais nada. O senhor o seguiu e o encontrou deitado na cama, choroso:

            — Está tudo bem?

            — O que você quer? Ninguém te avisou que eu nunca vou ser adotado?! Que eu sou velho demais pra ser adotado e ficar no orfanato? Saia daqui! Não aguento mais te ver... — Sem conseguir continuar, afundou a cabeça no travesseiro chorando.

            — Se esse é o problema, eu não me importo... Eu vim aqui pra adotar alguém como você, alguém que não fosse muito difícil pra um solteiro cuidar. Você... Gostaria de ser meu filho?

            “Eu ouvi direito?”, perguntou-se o jovenzinho.

            — Hahahah... — começou a rir desvairadamente. Ao passo que ele ria, lágrimas desceram pelo seu rosto e, de uma hora pra hora, o riso se transformou em choro.

            — Não chore, vai ficar tudo bem — e o abraçou. — Você não está sozinho...


...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

SONHOS I

SONHOS I

Escrito por Victório Anthony



            Pelo bate-papo, dois amigos escritores começaram uma conversa tarde da noite:

            — Olá! Posso falar com você um minuto?

            — Oi, pode sim.

            — Sabe aquele livro que você está escrevendo?

            — O quê que tem ele?

            — Você gostaria de publicá-lo, não que quer?

            — Hahah, eu VOU publicá-lo! Assim que estiver pronto eu irei mandá-lo para as editoras e se eu der sorte, logo, logo o terei em mãos!

            — É sobre isso que eu gostaria de falar...

            — Como assim? Você vai publicá-lo? Hahah! Ele nem está pronto ainda!

            — Na verdade...

            — O quê?

            — É exatamente isso que eu quero fazer...

            — Hahahah! Você não existe! Quer imprimir uma cópia na impressora? Você pode, eu deixo.

            — O que eu quero é firmar um contrato com você para publicar o seu livro quando ele estiver pronto...

            — Fala sério! De onde você tirou essa ideia?!

            — Eu estou falando sério, eu gosto muito do seu trabalho e gostaria de publicá-lo após as devidas edições, planejamentos de capa, miolo, ilustrações, registros, etc...

            — E como você pretende fazer isso? Você tem uma editora por um acaso?

            — Estou montando uma, procurando recursos, colaborações, montando uma equipe, planejando a atuação no mercado editorial. Estou dando duro pra conseguir erguer o meu pequeno projeto, sabe?

            — E com que dinheiro, até pouco tempo atrás você era pobre, morando no interior?!

            — Eu sei, algumas coisas mudaram e agora eu posso fazer coisas assim. Já estou montando o meu escritório em São Paulo e um dos meus projetos é desenvolver uma forma de possibilitar que escritores brasileiros consigam publicar suas obras. Sempre achei que era um desperdício de tempo e dinheiro quando o país deixa que vários escritores como nós fiquem esperando que milagres aconteçam. Conheço o seu trabalho e confio nele, por isso escolhi você como o primeiro a saber sobre a minha editora.

            — Interessante...

            — E não apenas isso. Pretendo firmar contrato pessoalmente, me comprometendo inteiramente com o lançamento do seu trabalho e do seu pagamento mensal.

            — Pagamento mensal? Eu vou ganhar dinheiro antes mesmo de ter o livro publicado? É isso?


            — Sim, é. Você faz faculdade, acho justo que você não se preocupe em terminar o curso e tenha disponibilidade de material e espaço para concluir o seu livro. Era o que eu gostaria se estivesse no seu lugar e recebesse uma proposta como essa. Os pormenores eu irei discutir assim que conversarmos corretamente e não precisa decidir agora, deixe para quando eu lhe mostrar tudo o que tenho a oferecer. O que acha?

            — Você bebeu? chapado?

            — Estou perfeitamente são e no controle de minhas faculdades mentais. Por enquanto, peço sua paciência. Não nos conhecemos pessoalmente e acredito estar passando a imagem errada no momento, porém, creio que irá acreditar em mim quando eu lhe mostrar o que tenho a oferecer... Se eu te contar sobre as animações, aí sim você vai dizer que eu sou louco!

            — Que animações?

            — Sabe, sempre que estou lendo algo excelente, imagens começam a se formar na minha cabeça, como se eu pudesse vivenciar aquilo como em um animê. Isso não acontece com você?

            — Acontece, mas, você pretende produzir animações?

            — Devidamente, este é um grande sonho meu, possibilitar que a leitura, além de possuir versão física possa receber outros cuidados, como animações, músicas escritas especialmente para elas, etc. Tudo especialmente coordenado por mim, para agradar a todos. Para isso tenho que antes agradar a mim mesmo.

            — Você surtou, cara. Já tomou o seu remédio hoje?

            — Estou falando sério, preciso que me mande o número do seu celular para que eu possa marcar um lugar e uma hora para nos encontrarmos na sua cidade.

            — Eu não acredito em você e acha que eu vou mandar o número do meu celular?!

            — Acalme-se, por favor. Sei que estou apenas começando no ramo e que isso pode ser arriscado, mas tenho certeza do que eu quero. Eu vou conseguir montar a minha editora e a minha produtora de animações, com tempo e paciência, vou me firmar no mercado nacional.

            — No Brasil?

            — No Brasil, sim. Não há nada semelhante hoje em dia, se não há ninguém fazendo, alguém precisa fazer. Por que não pode ser eu?

            — Eu acompanhei a sua história, as últimas coisas que postou nas redes sociais. Como posso acreditar numa mudança tão brusca? Desculpe-me, mas não posso simplesmente acreditar no primeiro que me disser o que eu gostaria de ouvir.

            — Em todo caso, aqui está o meu número: (11) XXXX-XXXX. Irei até a sua cidade na semana que vem, preciso me estabelecer aí também, ampliar as possibilidades de negócios, ver como está o mercado literário atual na sua cidade, ver se consigo começar uma franquia de livrarias somente com livros nacionais fantástico... Enfim, eu vou, sei onde você estuda, conseguir o endereço não será problema. Logo eu irei te ver, prometo que tenho somente boas intenções. Até breve.

            A primeira pessoa ficou off-line.

            “Meu Deus! O cara ficou maluco! Como eu faço agora? Ele vai me perseguir pelas ruas... ou pior! É melhor eu bloquear ele agora mesmo!”

            E assim o segundo o fez, modificou todas as informações do seu perfil nas redes sociais e excluiu a primeira pessoa, bloqueando-a completamente.

            “Será que ele estava falando a verdade? E seu perdi uma boa oportunidade? Não, eu tenho certeza que ele não é capaz de fazer algo tão grande, tão elaborado... A não ser que ele tenha ganhado milhares de reais de alguma forma. E se ele estiver lavando dinheiro? Com tantos corruptos no Brasil, o coitado pode ter sido iludido com dinheiro fácil e está trabalhando para algum político ou alguém que precise de uma empresa de fachada. Deve ser isso, tomei a decisão certa.”

            Ele desligou o computador e deitou-se na sua cama:

            “Mas seria ótimo que ele estivesse dizendo a verdade... Já pensou? Meu primeiro livro? Ou quem sabe, um animê baseado nele?! Nossa, que sonho!”

            Ajeitou-se em sua cama, regulou o despertador do celular e finalmente apagou a luz. Era hora de dormir, o próximo dia seria cheio e ele precisava acordar cedo.

...


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

OTHER WOLRD, de Lilian Kate Mazaki

Cientistas descobrem uma forma de adentrar um novo mundo, uma outra Terra e tudo mudou. Cinquenta anos depois, em meio as contínuas explorações e desenvolvimento de uma grande corporação científica, conhecemos Juliana, uma garota introspectiva, filha de um casal de cientistas que trabalham no projeto 'Other World' e que se vê envolta em mistérios após chegar de um dia normal na escola. O que acontecerá com a jovem moça? Confira a websérie OTHER WORLD, capítulos lançados a cada duas semanas.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

MICROCONTO: SONHOS IMPOSSÍVEIS

SONHOS IMPOSSÍVEIS

Escrito por: Victório Anthony




            Estou no hospital, sofri um acidente de carro. Agora, a pessoa que eu tanto amo e admiro finalmente está do meu lado, esperando que eu me recupere. Sua mão está pousada sobre o meu leito e eu queria muito, muito mesmo, poder tocá-la e apertá-la contra a minha. Infelizmente, eu não posso. Meus braços e pernas foram amputados...

sábado, 19 de outubro de 2013

POEMA: O ESPAÇO QUE HÁ EM MIM

O ESPAÇO QUE HÁ EM MIM

Escrito por: Victório Anthony



Eu vi o universo, cheio de tudo,
Vi a vida, vi estrelas, vi pessoas,
Um lugar tão perfeito, tão pleno,
Tudo poderia ser feito nele...

Eu cresci, aprendi muito,
Tenho meus problemas,
Minhas felicidades,
Eu vivo...

Pensei que um dia eu faria parte do universo,
Que eu poderia alcançar meus sonhos,
Que um dia eu seria feliz,
E que faria sentido existir...

Quanto mais o tempo passa,
Mais eu sinto que não vou ficar,
Estou me diluindo no universo
E nada sobrará de mim...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

MICROCONTO: ESPAÇO

ESPAÇO

Escrito por: Victório Anthony



            — O que há no infinito? — Perguntou-se ele olhando pela janela. — Será que alguém pode me responder?

            Uma estrelinha, atenta aos pensamentos do garotinho insone, decidiu atender ao seu desejo respondendo com um leve sussurro:

            — Imagine...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

POEMA: PRISÃO

PRISÃO

Escrito por: Victório Anthony



"O que te prende?
Sai de tua prisão e voa
Voa para o mundo novo
Voa para novos ares!"

Estava lá, preso,
Esperançoso de ser liberto,
Via o mundo lá fora,
Via o mundo dentro da cela...

Perguntava-se: Para onde vou?
Espiava atento,
Esperava que algo viesse,
Esperava ver algo novo...

Parou dentro da cela,
Deixando-se levar pelas pernas fracas
Da parede ao chão
Devagar, foi se encolhendo...

Olhou para a escuridão,
Queria o mundo de fora
Do lado de dentro,
Ao seu alcance...

Pensou nas cores,
Pensou nas formas,
E tudo ganhou vida,
Ganhou novos horizontes!

Ele ainda continuava preso,
Ele ainda continuava na cela,
Mas agora,
Era livre para colorir sua vida...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

POEMA: CONSUMISMO

CONSUMISMO

Escrito por: Victório Anthony



É errado lavar a roupa com as próprias mãos!
Pra quê isso?!
Compre uma lavadora de luxo faz tudo
E desfrute da vida!

É errado andar a pé!
Pra quê isso?!
Compre um carro último modelo
E desfrute da vida!

É errado conversar diretamente com as pessoas!
Pra quê isso?!
Compre um celular último modelo com internet
E desfrute da vida!

É errado se vestir de qualquer jeito!
Pra quê isso?!
Compre roupas novas toda semana
E desfrute da vida!

É errado estudar!
Pra quê isso?!
Apenas gaste seu dinheiro
E desfrute da vida!

É errado ter opinião própria!
Pra quê isso?!
Apenas ouça o que dissermos
E desfrute da vida!

É errado preferir sonhos a um emprego rentável!
Pra quê isso?!
Apenas trabalhe
E desfrute da vida!

É errado gostar de cultura!
Pra quê isso?!
Apenas assista futebol, novela e jornal na TV
E desfrute da vida!

É errado defender os mais necessitados!
Pra quê isso?!
Odeie eles, os desmoralize, apedreje-os
E desfrute da vida!

É errado defender os animais!
Pra quê isso?!
Use-os
E desfrute da vida!

É errado se importar com a verdade!
Pra quê isso?!
Minta, acredita, acredite em tudo
E desfrute da vida!

É errado poupar dinheiro!
Pra quê isso?!
Gaste, gaste tudo
E desfrute da vida!

É errado saber em quem você está votando!
Pra quê isso?!
Vote no que fizer a melhor propaganda
E desfrute da vida!

É errado pensar em ecologia!
Pra quê isso?!
Acabe com todos os ecossistemas
E desfrute da vida!

É errado pensar em reciclagem!
Pra quê isso?!
Apenas use, descarte, compre um novo
E desfrute da vida!

É errado educar os seus filhos!
Pra quê isso?!
Deixe que nós os eduquemos por você
E desfrute da vida!

É errado ver as horas!
Pra quê isso?!
Deixe que façamos o seu tempo
E desfrute da vida!

É errado acreditar em si mesmo!
Pra quê isso?!
Acredite em nós
E desfrute da vida!

É errado pensar que você tem uma vida!
Pra quê isso?!
Escute-nos, nós sabemos o que você precisa
E desfrute da vida!

É errado ler isso!
Pra quê?!
Não entenda, não compreenda, esqueça o que viu
E desfrute da vida!

POEMA: QUEDA

QUEDA

Escrito por: Victório Anthony



Afasta!
Afasta de minha boca
Estes teus lábios
Cheios de mentiras!

Não me toque
Com essas mãos
Que manipularam
Tantas pessoas.

Não me machuque,
Meu coração dói.
Você irá me machucar
Ainda mais...

Minha alma congela
Entorpece diante de ti
Incapaz de se proteger
Sumindo no vazio

Estou sangrando
Você me pegou
Sou sua vítima
É tarde demais...

Se ao menos tivesse me amado,
Se ao menos tivesse me feito feliz,
Se ao menos...
Você entendesse o motivo.

Queria ter te feito sorrir,
Queria fazer com que se sentisse bem,
Queria te fazer entender
Como é bom se sentir assim.

Destino torpe!
Vejo tua sombra partir
E me deixar aqui,

Sem vida...

domingo, 13 de outubro de 2013

POEMA: EM MINHA MENTE

EM MINHA MENTE

Escrito por: Victório Anthony



Sinto a morte penetrar o meu corpo.
O tempo passa,
Minha vida se esvai,
Minha mente se esvazia...

O torpor da concentração
Me impede completamente
De olhar ao meu redor
E perceber onde estou...

Como se desvanecesse
Diante de tal injuria particular
Perco tempo
Perco vida

Estou só,
Tão somente só,
E cego,
Totalmente cego

O tempo que passa,
Torna-me improdutivo,
Incapaz de me ser útil,
Incapaz de ser alguém.

Isolado, perdido, aturdido,
Desnorteado, sem esperança,
Infeliz vida,
Infeliz morte

O que ei de deixar?
O que de mim será lembrado?
Temo ser esquecido,
De ser apenas, e tão somente, passado...

Deixado ao relento,
Preso em minha própria cama,
Ei de dormir,

E nunca mais acordar...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

SEM TÍTULO II


CAPÍTULO 02: EMUNAH




Escrito por: Lincoln Berlick
Revisto e editado por: Victório Anthony


           Estava sem forças, fraquejava, mal conseguia abrir os olhos. Tudo o que pude ver naquele instante era Pedro indo para cima de Azazel num ataque furioso. O demônio simplesmente se desviou da espada dele, acertando-o com um soco na barriga que o jogou a metros de distância. Tico mal se sustentava em pé, reuniu o resto de suas forças e arriscou um diálogo com o demônio:

            — Não é possível! Como?! Eu invoquei o Salmo 91!

            — Realmente profeta, aquilo foi impressionante... — ele abriu um sorriso insanamente calmo no rosto. — Poucos conseguem invocar o Salmo 91. Para seu azar, você não tem fé suficiente para me selar — fechando a expressão, completou. — O tempo de vocês, humanos, acabou...

            Sua espada negra surgiu novamente em sua mão. Tudo se encerraria ali, eu não podia correr, Pedro estava esgotado, Tico gastara toda a sua energia no último golpe e aquele ser miserável sequer demonstrava estar cansado. Eu não queria morrer daquele jeito, eu nem sabia o que estava acontecendo! Olhei ao redor e vi a espada de Pedro no chão, próxima a mim, parecia apenas uma espada comum. Decidi segurá-la:

            “Se eu vou morrer, que seja lutando!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SERPENTE DE FOGO, de Joe de Lima

É difícil falar sobre algo que você gosta e admira, já estou há um bom tempo devendo uma publicação como esta a este valoroso amigo, escritor e roteirista de quadrinhos empenhado conhecido como Joe de Lima. Seu trabalho em estilo dark fantasy publicado semanalmente no blog Baú do Joe, Serpente de Fogo, é um primor, uma história adulta, fantástica e sem aqueles melindres de histórias mais infantis ou infantilizadas direcionadas a um público diferente. Não, Serpente de Fogo vai além, cativando o inesperado, a força que vem da leitura, a satisfação em se ler. Esta pode ser apenas a minha humilde opinião, mas tenho certeza de que quem procura uma ótima história vai encontrar nesta leitura um perfeito passatempo.

Segue então uma relação (futuramente) completa de todos os capítulos desta história que também estarei acompanhando e atualizando nesta publicação.

E você também podem acompanhar o lançamento dos capítulos pela página Baú do Joe, pelo facebook, não percam!



...

SERPENTE DE FOGO

Escrito por: Joe de Lima



ÍNDICE

Um brilho no céu... uma visão... uma profecia... Valek Clancey nasceu sobre vários sinais que previam um destino grandioso para ele. Criado por um povo guerreiro, irá partir em uma longa jornada após reencontrar sua verdadeira mãe, Liana, agora uma estranha para ele. Em meio ao choque das duas maiores nações do Mundo Antigo, Valek e Liana desafiarão seus destinos enquanto terão de lidar com o sentimento proibido que os une.

http://baudojoe.blogspot.com.br/2013/04/serpente-de-fogo-joe-de-lima.html

domingo, 6 de outubro de 2013

MINICONTO: ADORÁVEL NOITE - SUJO DE SANGUE

Há algum tempo, meu amigo e escritor amante de vampiros Adriano Siqueira me convidou para participar de seu projeto de literatura vampiresca, o fanzine Adorável Noite, e finalmente ele está pronto! Abaixo vocês conferem o meu conto e no link a seguir vocês podem baixar o fanzine com todos os outros contos de outros autores! Vamos lá, apoiem a literatura brasileira!


SUJO DE SANGUE

Escrito por: Victório Anthony,
para o fanzine Adorável Noite.





            O sangue pulsava em sua veia, aquela pele macia implorava para ser mordida, o êxtase lhe tomava conta. Uma mordida vermelha e sangrenta lhe lambuzou os lábios. Seu superior, um vampiro infante com a aparência de um garotinho de treze anos, interrompeu a festa:

            — Deixe um pouco para mim Nurian, estou com fome esta noite — disse secamente.

domingo, 22 de setembro de 2013

MINICONTO: O VELHO ESPERTO

O VELHO ESPERTO

Um homem idoso era proprietário de uma fazenda na Louisiana há vários anos. Ele tinha um grande lago nos fundos. O lago era perfeito para nadar, então ele colocou adoráveis mesas de piquenique, uma área ampla para hipismo, algumas macieiras e pessegueiros. Certa noite, o velho fazendeiro decidiu ir até lago, como ele não tinha estado lá por um tempo, para dar uma olhada. Ele pegou um balde de cinco litros para trazer de volta um pouco de frutas. Enquanto ele se aproximava do lago, escutou vozes gritando e rindo com alegria. Quando ele chegou mais perto, viu que era um grupo de jovens mulheres nuas nadando em seu lago. Ele fez as mulheres cientes de sua presença e todas foram para a parte mais profunda. Uma das mulheres gritou para ele, “Nós não vamos sair até que você saia!” O velho franziu a testa, “Eu não vim até aqui para assistir as moças nadarem nuas ou fazê-las saírem da lagoa peladas.” Segurando o balde no alto, ele disse, “Estou aqui para alimentar o jacaré.”

Traduzido por: Victório Anthony
Créditos: A história, com o passar do tempo, se tornou de domínio público.

OBS.: Esta história, ao menos parte dela, pois não estava completa, chegou até mim por meio da página do site 9Gag no Facebook. Infelizmente este site costuma cometer plágios, retirando os créditos de quadrinhos que ele divulga, mesmo que o conteúdo dele seja em inglês e os quadrinhos sejam brasileiros. Esta é uma prática que eu abomino e decidi retirar a imagem cujo o texto eu havia traduzido, principalmente por ter visto que um dos quadrinhos do blog Sintonia Alcalina, que por sinal eu adoro, foi, além de plagiado, disseminado em outros sites sem os devidos créditos - o que só piorou a situação.

PLÁGIO É CRIME!
NÃO CONCORDE COM ISSO!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

MINICONTO: A PEQUENA BRUXINHA

A PEQUENA BRUXINHA



Escrito por: Dominus Salomon Lee
Revisto e editado por: Victório Anthony

            A porta abriu-se bruscamente. A mãe, que lia concentrada um livro no sofá, assustou-se. Sua filha adentrou a casa correndo, fechando a porta atrás de si e largando a mochila em um canto da sala. Chorando apressou-se direto para os braços da mãe:

            — O que foi filha? O que aconteceu?! — perguntou a mãe envolvendo a filha em um abraço consolador.


            A pequena ainda com o rosto afundado no peito da mãe, respondeu:

            — Mãe, lembra-se do feitiço de explodir as coisas que você me ensinou?!

            A mãe fez uma pequena pausa lembrando-se do truque que tentara ensinar a filha há alguns dias. A aula era sobre explodir objetos com um simples estalar de dedos. Sua filha, porém, não era boa aluna.


            — Sim, eu me lembro... Tudo o que você deveria fazer era se concentrar naquilo que queria explodir e estalar os dedos. Muito simples.




            — Não tão simples assim!— disse a filha levantando o rosto para olhar nos olhos da mãe.

            Seus olhos agora expressavam indignação e raiva, deixando sua mãe perplexa. Logo a pequena prosseguiu:

            — Hoje, no ônibus escolar, depois das aulas, uma menina estava ouvindo música no celular sentada bem do meu lado. Aquela maldita... Além da musica estar irritantemente muito alta, era horrível! Ela tinha um péssimo gosto! Havia também varias outras meninas ouvindo música alta no celular. Era insuportável... Eu ia enlouquecer!

            — Acho que agora entendi, você explodiu o celular dela sem querer com o feitiço que lhe ensinei, foi isso?! — indagou a mãe pondo a filha sentada sobre o colo.

            A garota novamente afundou o rosto no peito da mãe tentando conter as lágrimas que lhe molhavam o rosto. E respondeu, soluçando:

            — Era essa minha intenção...

            — Afinal filha, o que foi que aconteceu?!

            — Quando estalei os dedos tentando me concentrar no celular barulhento dela, as meninas... Eu não queria mãe, eu juro que não queria... — aflita, a mãe ficou em silêncio, esperando o que ela queria dizer.


            Após longos segundos, a menina confessou:

            — Não foi o celular que explodiu... Foram as cabeças...


 ...

Não deixe de visitar o blog do Salomon!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

MINICONTO: O IMPERADOR

O IMPERADOR
 
Escrito por: Victório Anthony
 
 
 
            O grande imperador olhou bem para aquele jovem pequeno e magrelo diante dele que lhe apontava uma espada simples e ordinária:

            — E você se diz um herói? Hah! Faz me rir! Não conheces o poder do meu exército? O império que construí com os ossos de meus inimigos? Você só pode estar maluco querendo me enfrentar! — dando uma grande baforada em seu cachimbo, fez sinal aos guardas para levarem os intrusos.

            Sendo levado, o herói gritou:

            — Não importa quanto tempo leve, não importa quem trará justiça, um dia você pagará pelas atrocidades que cometeu! — antes das portas se fecharem, ele ainda disse mais uma coisa. — Começando pela traição dos seus aliados!

            O imperador gargalhava diante da cena ridícula e, após alguns instantes sozinho, se levantou:


            — Preciso consultar o oráculo...

SEM TÍTULO

CAPÍTULO 01 - MESSIAH



Escrito por: Lincoln Berlick
Revisto e editado por: Victório Anthony



            Era noite e, assim como todas as outras noites, pensei que minha vida continuaria com a habitual monotonia. Eu não sabia, não até aquela noite, eu nem poderia imaginar, afinal, isso não era possível, nada disso deveria ser possível...


...

            Desde criança tive uma vida solitária, tudo sempre me pareceu maçante e sem graça. Nunca tive muitos amigos... Não, na verdade, nunca tive amigos, apenas colegas de classe. Aos doze anos recebi o diagnóstico de “gênio” e me transferiram para uma escola de superdotados rígida e meticulosa, o que só dificultou ainda mais minha capacidade de me relacionar. Durante toda minha vida fui solitário, não por opção, não havia nada que realmente me agradasse. As pessoas eram tão comuns, repetitivas e às vezes tão insuportáveis, sempre presas ao seu mundinho em que pensam ter tudo. Mas isso estava para mudar, naquele tempo eu finalmente havia decido que iria falar com Aléxis, a garota mais linda do mundo. Inesperadamente, por alguma coincidência do destino, no mesmo dia conheci Pedro. Ele apareceu do nada, conversamos um pouco e despretensiosamente ele me pareceu ser insubstituível, mudando totalmente o meu rumo.

            Logo que conheci Pedro descobri que ele também era um “gênio”. Bem, ele era tão... Legal, não sei, seu jeito de pensar incomum, suas ideias malucas, com ele tudo era diferente. Nossas conversas eram extremamente complexas e, por mais que possa parecer estranho, eram como se fossem conversas de pessoas normais. Ele não se detinha em assuntos de futebol ou mulheres, ele ia além.

            Como eu dissera, fui transferido para uma escola de gênios. Contudo, todos ali pareciam tão... Medíocres, insuportáveis, presos a seus egos, limitados ao que almejavam “conquistar” com seus supercérebros...

            Triiinnn...

            Enfim o relógio havia tocado, estava no horário para me levantar. A hiperatividade não me deixava dormir e, quando conseguia, sofria com estranhos pesadelos em que eu me via lutando contra demônios e seres obscuros.

MINICONTO: O HOMEM-BOMBA E O DESCONHECIDO

O HOMEM-BOMBA E O DESCONHECIDO
 
Escrito por: Victório Anthony
 

Era a hora, aquele seria seu último dia, o dia em que provava a si mesmo e a Allah que ele era digno de ir ao paraíso. Dirigiu-se para um local movimentado, havia muitos ocidentais ali naquele momento. Um dia muito especial, talvez? Para ele isso não importava, o que importava para ele era morrer em nome do que acreditava, que ele estava certo e todos os outros errados. O colete de bombas debaixo da roupa dava-lhe um aspecto estranho, entretanto, suficientemente plausível para não ser notado até chegar ao ponto em que queria, no meio da multidão.

Estava pronto, retirou o contador do bolso e apertou. Alguém viu o que ele segurava e gritou:

— CORRAM! BOMBA! — a multidão em polvorosa começou a correr e a se atropelar.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

MINICONTO: O MENINO E O ET

O MENINO E O ET
 
Escrito por: Victório Anthony
 

            O menino correu ao quarto dos pais aflito:

            — Eu vi um ET, eu vi um ET!


            Os adultos, sabendo que era mentira, pois ETs não existem, logo concordaram:


            — É mesmo? E como ele era?


            O menino ficou pensativo, tentava se lembrar do que vira e não conseguiu se expressar corretamente:


            — Eu... Eu não sei...


            A mãe do menino se aproximou dele e lhe fez um cafuné:


            — Foi só um sonho querido...


            — Mas, mãe...


            — Vamos querido, volte para seu quarto.


            Cabisbaixo, o jovenzinho tornou a seu quarto, sentou-se em sua cama e olhou para a janela:


            — Bem que você disse que eles não iam acreditar...



            A criatura esférica, brilhante e vaporosa concordou, partindo para o infinito do céu vendo que não era a hora de se mostrar a humanidade.